Wednesday, February 10, 2010

Carnaval de eu menino

1) Quanto ao Carnaval tradicional, penso que Vitória precisava importar mais bandas de frevo. Os músicos da cidade já estão de beiços inchados e pulmões resfolegantes. Aqui tem pouco músico para tanta agremiação carnavalesca. Nos meus idos de menino, botem "idos" nisso, vinham bandas de Glória do Goitá, Belo Jardim, Nazaré da Mata, maestro Nunes e a Banda da Polícia Militar de Pernambuco. Cada banda que trouxesse maior número de músicos e maior variedade de frevos. Na realidade, não eram bandas, eram orquestras.
2) No meu tempo de menino, o Carnaval começava no Sábado de Zé Pereira e terminava na Terça-feira Gorda, que antecedia o início da Quaresma. Hoje, dá a impressão de que começa no dia 01 de janeiro e termina no dia 31 de dezembro. Basta alguém fazer aniversário que tocam Vassourinhas e os convidados caem no frevo. Sou orgulhoso de ser pernambucano, porque O FREVO é a única música genuinamente nacional, sem influências alienígenas e nascida entre Olinda e Recife. A única observação que faço é sobre a violência. Basta observar que, antigamente, usava-se lança-perfume em quantidade, um líquido à base de cloreto de etila, acondicionado sob pressão em ampolas de vidro ou metal - cheirosíssimo! - e ninguém dava uma tapa num gato. Hoje, usa-se "loló", um tubinho desse tamanhinho, e é um arranca-rabo em cada esquina. Infelizmente, somos obrigados a encarar essa dura realidade.
3) Quando eu era menino, as orquestras do Leão e do Camelo mediam força na Praça Duque de Caxias. O estandarte do Camelo havia sido confeccionado por PEDRO RAMALHO, e o estandarte do Leão por HONÓRIO TUNGÃO. Aí, a torcida do Camelo cantava:
"A bandeira do Leão foi feita de algodão
da ceroula velha de Honório Tungão."
E a torcida do Leão respondia:
"A bandeira do Camelo foi feita de retalho
da cueca velha de Pedro Ramalho."
Bom Carnaval!
Sosígenes Bittencourt

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