Outro
dia, eu aluguel um táxi, e o condutor do automóvel transportava sua filha a
bordo. Durante o percurso, a menina não deu um pio, plugada numa engenhoca
cibernética. Quando parou o veículo, e ela saltou, começou a me fazer
perguntas.
-
Professor, por que esses meninos de hoje são assim?
-
Assim como, cidadão?
-
Minha menina amanhece o dia com dois fios enfiados nos ouvidos, de olho
encatitado num computador, a gente fala com ela, é mesmo que estar falando com
uma parede. Ôxe! tem hora que dá vontade de levar ela pro médico.
Era
um exemplo clássico de um pai analógico lidando com uma filha digital.
E
continuou: - Eu acho ela tão solitária, trancada naquele quarto, eu tenho pena
dela.
Com
certeza, não sabe que ela tem 500 pessoas no Facebook, e ele não conheceu 500
pessoas desde que nasceu.
No
final da viagem, contei-lhe o seguinte episódio:
-
Eu estava dando aula, há uns dois anos, e um aluno digital saiu-se com essa:
-
Professor, a gente acha o senhor tão engraçado.
-
Por que, meu filho?
-
Porque o senhor dá aula olhando pra cara da gente.
Sosígenes
Bittencourt
1 comment:
Eu devo explicar. Rejeitar toda novidade é sinal de VELHICE. Acatar toda novidade, sem restrição, é sinal de VOLUBILIDADE. É compreensível, no entanto, que você não possa mais dar aula para um aluno que viu o Universo na tela de um computador, fazendo um pontinho, com um giz, num quadro-negro.
Quem bem descreve como deve ser o professor do Século XXI é o engenheiro mecânico, economista, professor e político pernambucano Cristovam Buarque: O professor tem de ter uma cabeça bem informada, um coração motivado, um bolso bem remunerado e as mãos num computador.
Óbvio que não é o aluno digital que tem de se adaptar ao professor analógico, é o professor analógico que tem de aprender a usar a parafernália cibernética, como material pedagógico, para se adaptar ao universo do aluno digital. Insofismavelmente.
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