De manhãzinha,
minha mãe manifesta o desejo de confeccionar um doce de banana. O doce é
temperado com pau de canela. Aí, eu me apronto e vou comprá-lo no mercadinho do
bairro. Tomo banho, boto perfume, costume antigo. Empertigado, decidido, vou
desfilando pelas calçadas, narrando, em solilóquio, tudo que faço. 
- Bom dia. Tem
pau de canela? 
O funcionário
vai na frente e eu vou atrás, percorrendo o corredor de gôndolas. 
- Quanto é o
saquinho? 
- Oitenta centavos, professor. 
- Dê-me dois. (Relembrando que não se inicia frase com
pronome oblíquo)
Dirijo-me ao balcão de frios e pergunto a um
determinado cidadão: - O nome disso é pau de canela ou canela em pau? 
Risadagem geral. 
No momento da manufatura desta narração, o doce já está
pronto, e a casa incendiada do aroma da guloseima, poética de ternura. 
Feliz de quem pode desfrutar do tempo para escrever ou
saborear uma leitura no mundo tão amargo e sem ternura que estamos vivendo. 
Adocicado abraço! 
Sosígenes Bittencourt 
Dirijo-me ao balcão de frios e pergunto a um determinado cidadão: - O nome disso é pau de canela ou canela em pau?
1 comment:
Impossível deleitar-se com tão refinada iguaria, tão apetitoso manjar, sem produzir poesia, sem narrar sua confecção. Ademais, manufaturado com ternura pela genitora do contemplado. Caramelado abraço!
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