Tuesday, October 04, 2011

A Grécia é uma graça


A Grécia é uma graça. A Grécia não é um mito, mas capricha pra tragédia grega. A Grécia precisa “primeiro viver para depois filosofar”, seguir, ipsis litteris, o conselho latino “primum vivere, deinde filosophari”. Mas, a Grécia nem consegue viver nem filosofar. De mãos estendidas, pede socorro financeiro ao mundo, sacrificando seus filhos, aos pés de mandatários incompetentes e impiedosos. Parece o destino, ou obra do acaso, mas termina sendo efeito da safadeza dos homens, da olímpica arrogância dos mortais. Aos gregos governados, quem inventou a pobreza foram os governantes, ou seja, os detentores do poder, os egoístas, os malfeitores. Por isso, não querem se submeter a sacrifícios, pois não creem em mitos de qualquer esfera. Antes, se revoltam, tomam as rédeas do destino e implantam a desordem, na base da pedra, tisnando o chão com o seu sangue. A vontade faz aflorar a coragem, a faculdade acorda sua virtude. Sócrates, que morreu pelas leis de sua cidade e para não abjurar suas convicções, revira-se na tumba. Não há mais filósofos na Grécia como no longínquo período dos Cínicos. O cinismo puro virou atrocidade, autoritarismo, uma risadagem obscura sobre a miséria humana, é a contrafação da postura filosófica que ia ao mercado procurar saber o que não era necessário para viver. Oh! socrático-platônicos, que ensinastes o despojo e o culto à virtude como caminhos para a felicidade, ensinai! ensinai! A Grécia precisa da Grécia. A Grécia é uma graça. A Grécia anda uma desgraça. Parece uma tragédia grega.
Trágico abraço!
Sosígenes Bittencourt

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