Saturday, January 12, 2013

Carnaval de Orquestra, Carnaval de Trio


Todo ano, surge essa discussão. Obviamente que, se a invenção de Dodô e Osmar não houvesse se espalhado por outras regiões, não haveria essa celeuma entre os ritmos regionais. Mas, marketing é marketing. A mídia apoiou e a praga se disseminou. O que não aconteceu com o frevo pernambucano, que não se difundiu e, portanto, ficou um espetáculo doméstico, de nossas tradições e de nossas plagas. Evidentemente que, se o Trio pegou o universo adolescente, passou a fazer parte de sua história. Resta, apenas, preservar o Carnaval tradicional, com execução de nossas músicas, do ritmo mais genuinamente nacional - segundo Gilberto Freyre - que é o "frevo". Afinal, não devemos sepultar nossas tradições, nossa cultura, em nome de produtos importados. Vale ressaltar, no entanto, que essa convivência deve ser pacífica, não resvalar para aquele posicionamento radical e binário: ou isso, ou aquilo. O respeito deve imperar, em nome do humanismo. O radicalismo exacerbado é o prelúdio do fundamentalismo intolerante. E se o Carnaval de Trio passar - tenham certeza - surgirá coisa mais estranha aos admiradores dos velhos Carnavais, o Carnaval das orquestras de frevo. Sempre haverá esse choque, entre gerações, difícil de administrar, tendo como único caminho a tolerância e o diálogo. É como aquela velha polêmica: o que é melhor, The Fevers, ou Calcinha Preta? O que sabemos é que The Fevers parece ser eterno. Ainda hoje, toca. Não sabemos, evidentemente, se o forró eletrônico permanecerá, ao longo de tantas décadas, a tocar. O que promove certa reação é que a música está se traduzindo em ensurdecedores batuques, sem variantes, sem literatura, como se a arte estivesse em crise, ou o verdadeiro artista, aquele reconhecidamente inspirado, estivesse em extinção. Essa melancólica constatação merece especial abordagem, pois os sublimes valores do ser humano devem ser preservados, o que sempre o distinguirá dos demais seres vivos do planeta.
Sosígenes Bittencourt

3 comments:

Diego Felipe Ramalho said...

O nosso frevo é patrimônio imaterial de pernambuco, isso mostra (um pouco) do seu poder e da sua importância, mérito pra baiano nenhum botar defeito.

A pesar de não ter a mesma força de outros carnavais vitória vem mantendo bem o trabalho de preservação do Carnaval tradicional ( a pesar que a tarefa não é nada fácil)

QUAL O CORAÇÃO PERNAMBUCANO NÃO BATE MAIS FORTE AO OUVIR UMA ORQUESTRA "RASGANDO" NO MEIO DA RUA !!!???

Tolerância e respeito de ambos os lados, o sol nasceu para todos ... tem pra todo mundo.

Sosígenes Bittencourt said...

Frevo é uma música que nasceu entre Olinda e Recife e que não sofreu influência de nenhum lugar do mundo, ele é o único ritmo genuinamente nacional. É muita cocada prum baiano só.



Anonymous said...

E porque não botar frevo no trio?