Se você perguntasse que
sentimento deveria nos provocar a realidade dos presídios brasileiros, eu diria
“medo”. Óbvio. Ora,
se os presos não têm segurança nos presídios, que segurança temos nas ruas, ou
mesmo dentro de nossas residências. O único
lugar onde não deveria haver crime era onde os criminosos pagam pena por crime.
A lógica é
implacável. Do ponto de vista jurídico e estatal, trata-se de uma aberração.
Agora, imagine se todos os meliantes estivessem nos presídios? No Brasil, há
uma mesma quantidade de criminosos perambulando pelas ruas, indo a missa,
comemorando aniversário e trocando soco em teatro de futebol.
Por outro lado, superpopulação
carcerária também é
agravada pela falta de assistência jurídica aos detentos. Há detentos que
cumpriram pena e estão engaiolados, fumante de maconha preso como traficante e
ladrão de galinha sem ser julgado. Depois, reclama-se da expansão dos Comandos
do Crime, que se alastra, com a cooptação de novos soldados para os seus
exércitos, cuja conversão pode ser sacramentada dentro dos próprios presídios.
Ou você se filia a um deles, ou não terá segurança, se é que filiar-se lhe assegura a
preservação da vida.
Todas as medidas que devem ser
tomadas são conhecidas, mas há meio século deveriam ter sido tomadas. Porém,
preocupação com preso só quem sente é a mãe do condenado. Político não quer
saber de preso matando preso, preso matando policial nem policial eliminando
criminoso, investir no combate a esta guerra intestina não lhe rende dividendo
eleito. Aliás, se o fizer de mau jeito pode até custar-lhe a vida.
Enfim, é proibido traficar
droga no Brasil? É
proibido roubar no Brasil? No papel é, mas nas mentes, não. Pois, trafica-se
droga e rouba-se nos presídios. Às vezes, no Congresso Nacional.
Sosígenes Bittencourt