Monday, July 31, 2006

Sosígenes Bittencourt


Sosígenes Bittencourt
19.07.1955
sosigenesbittencourt@hotmail.com
celular: (081) 9146-9147

A Itália é tetra, e o Brasil é tétrico


Eu, hein... Eu é que não me meto mais nisso. O torcedor, coitado, que já estava com a mosca na orelha e bebendo para passar a dor, é que sofre. Ninguém reclama na Argentina, los muchachos, nem os franceses, de sua seleção. Nem os portugueses reclamam de Felipão, que parecia um papagaio na vara. Só a gente é que fica resmungando pelos cantos de parede. Tudo por conta dessa mania de ressuscitar defunto. Apesar de todo o mérito, de suas glórias, o que foi fazer Zagalo na Seleção, metido lá com suas cogitações acerca da velhice e da morte. Eu, hein... Eu é que não me meto mais nisso. O cão é Zidane, com suas pernas de avestruz alado, dando banho-de-cuia no nosso “Fenômeno” e metendo a cabeça nos peitos da Itália. Não teme nem o fascismo. Mussolini deve ter-se revirado sob a campa. Se acorda, era um histerismo danado.
Enfim, nosso escrete foi tão mal treinado, que ficou “destreinado”. Ninguém sabia para onde ir. Porém, encastelados sobre uma montanha de euro e sem patriotismo nenhum, só podia dar na bandalheira que deu. Foi uma desgraça! Quanto papel picado, quanta camiseta colorida e balões no ar, para tudo virar cinzas. Cabeça entre as pernas e mãos enclavinhadas na nuca, o povo parece haver levado uma surra. Eu, hein... E o pior é que foi logo a Itália, que já era tri, botar a mão no caneco pra virar tetra. Quer dizer, nem hexa e um tetra ao lado. É tétrico! E a Seleção dos Sonhos, do Parreira, como já prevíamos, terminou nos dando pesadelo. Não dá para deitar eternamente em berço esplêndido. Tomara que tenhamos nos curado, de uma vez por todas, dessa cafumania. Melhor tivessem deixado Ronaldo Fenômeno namorando e Ronaldinho Gaúcho fazendo embaixada na frente do estádio. Fenômeno é aquilo que acontece sem a vontade do homem. Ali, tinha-se de fazer acontecer.
Sosígenes Bittencourt

Fragmentos

01. O que é bom para as axilas pode não ser bom para a Camada de Ozônio.
02. Desconfio da beleza das meninas que não acentuam as palavras proparoxítonas.
03. Pior que a traição, foi a contradição: Tiradentes, que tirava dentes, teve a cabeça extraída.
04. Santo Antônio Casamenteiro é o santo protetor do casamento. Qual o santo protetor do divórcio?
05. O Jogo do Bicho é a coisa mais honesta do mundo. Desonestos são nossos sonhos.
06. Passa o aniversário de Santos Dumont. O povo, aéreo, não dá asas ao Pai da Aviação.
07. Atenção, atenção, pais de alunos! Há alunos matriculados no bar da esquina.
08. O Horário de Verão foi criado para economizar energia e estragar a paciência.
09. O difícil em conquistar uma mulher bonita é que o coração atrapalha o raciocínio.
10. Em tempo de eleição, o prudente é votar sempre no candidato que estiver fazendo a pergunta.
Sosígenes Bittencourt

O Assassino de Estimação


Quantas pessoas estão convivendo com os seus futuros assassinos e não o enxergam no cotidiano de suas vidas. Os parentes, vizinhos, amantes, os que convivem. Quem mandou aquela mulher que foi para a Espanha, deixar sua filha com o seu irmão, aqui em Recife? Jamais enxergou no olhar, na expressão fisionômica, nas palavras um lampejo que denunciasse o algoz de sua própria filha? Não. Havia um véu que encobria o ricto macabro do tio que conhecia os motivos de querer trucidá-la. Sua psicopatia, sua natureza anti-social disfarçava, na sombra, no silêncio, o ódio insuportável, o irrefreável desejo de matar. Nem nós outros, abismados diante da tela do televisor, indignados, conseguimos entrever na face, no depoimento injustificado do verdugo, o desfecho, a leitura retrospectiva do crime.
Quantas mulheres estão tomando o café da manhã, ao lado dos seus futuros criminosos... Dormem juntos, se beijam, produzem filhos, vítima e homicida irmanados.
Ilana Casoy, escritora e pesquisadora do crime, que publicou “O Quinto Mandamento – Caso de Polícia” (que aborda Suzane von Richthofen) – faz importantes observações sobre pessoas que matam. “O criminoso não tem cara, não tem jeito, não tem estereótipo. A psicopatia, o transtorno anti-social que eles sofrem é uma perturbação que faz o indivíduo entender com a razão o que está fazendo, mas não com a emoção – ele não tem controle sobre seus desejos.” . Não que se pretenda espalhar o pânico, mas muitas mulheres ameaçadas por seus amantes, morrem por arrogância, porque acham que são capazes de modificá-los, domá-los, dominá-los, e aí aceitam o seu perdão, continuando a conviver sob constantes ameaças. A dura realidade vem depois, quando, consumado o ato, não se arrependem por suas vítimas.
Sosígenes Bittencourt

Saturday, July 29, 2006

Sosígenes Bittencourt


Sosígenes Bittencourt
19.07.1955




sosigenesbittencourt@hotmail.com
celular: (081) 9146-9147

Fragmentos

01. Tomou um choque, agarrado na conta da luz.
02. Deus deu ao homem a água, e o homem deu ao homem a conta d'água.
03. Há algo de comum entre o Irã e o Iraque: as sílabas da palavra IRA.
04. Na Feira de Cavalos, os animais tinham mais porte de gente do que os homens.
05. O povo não sabe o que é inflação nem deflação, sabe o que é aflição.
06. A Demagogia é o governo do governo, pelo governo e para o governo.
07. A televisão não ensina a pescar, ensina a desejar o peixe.
08. No silêncio dos motéis, multiplicam-se as sementes do aborto.
09. Na cidade, todo dia, dorme um homem sadio e acorda candidato a vereador.
10. O importante não é fazer uma criança sorrir no Dia das Crianças, é não permitir que ela chore pelo resto dos dias.

Sosígenes Bittencourt

Thursday, July 27, 2006

O amor de Suzane

Sempre ouvimos dizer que, por amor, dá-se a vida. Todavia, Suzane diz que, por amor ao namorado, matou os pais. Quer dizer, o amor de Suzane tira a vida. Como é estranho o amor de Suzane... Uma pessoa que ama, termina espalhando o seu amor para além da coisa amada. Sempre ouvimos dizer que quem ama perdoa, quem ama não mata. Como é terrível o amor de Suzane... Só está faltando o namorado de Suzane dizer que matou os pais de Suzane por amor a Suzane. Será que o irmão do namorado de Suzane também matou os pais de Suzane por amor a Suzane? Como pode um casal ser vítima de tanto amor assassino? Nem Oscar Wilde entenderia, ao afirmar que “Todos os homens matam o que amam”. Porque, já que Suzane amava o seu namorado, deveria ter matado ele. Como é macabro o amor de Suzane... Estaciona o carro na garagem e vai ver se os pais estão dormindo. Desliga alarme, acende a luz do corredor e manda matar os próprios pais, a golpes de barra de ferro. Depois, chama a polícia e cai em prantos. Seu nome é Suzane von Richthofen, cuja pronúncia alemã dá calafrio na espinha. Vale, sozinha, por um campo de concentração nazista. Como cheira a tutu o amor de Suzane... Extorcionária, latrocina. Enquanto trucidam os seus pais, ensaca 5 mil dólares e 8 mil reais na biblioteca. Nem se sensibiliza, nem sente um ceitil de arrependimento, diante dos gênios da literatura. Que tipo de advogada seria Suzane, gazeando as aulas de Direito, para enveredar pelos tortuosos caminhos do crime? Como será a genética de Suzane, cujo irmão a perdoa e responde pelo perdão dos pais assassinados? Quem quererá namorar com o irmão de Suzane? Deus nos defenda de tanto amor... Nem o criminalista Cesare Lombroso suspeitaria de tanta maldade, pois que Suzane parecia uma ninfa.

Sosígenes Bittencourt