Sunday, October 30, 2011

Cauby aos 80 anos

Apesar da carinha de mulher, Cauby Peixoto é uma das vozes masculinas mais bonitas do Brasil. Para você ter uma ideia, já foi considerado o Elvis Presley brasileiro. O seu estilo é chamado de estilo “dândi”, voz grave e aveludada, cabeleira e figurino exóticos. De família de músicos, Cauby é um carioca, do signo de aquário, dado à luz em fevereiro de 1931. Risonho e descontraído, como se estivesse na aurora da existência, nem liga para as suas 80 primaveras, dizendo que conserva a voz não tomando nada gelado, sem vícios e nunca se aperreando. Indagado sobre o segredo de não se aperrear, confessa que é porque convive com pessoas calmas. Naturalmente, é uma permuta de compreensão e paciência, porque quem é calmo também acalma. E se alguém duvida do exposto, é só comprovar, ouvindo sua voz. Um verdadeiro espetáculo!

Exemplar abraço!

Sosígenes Bittencourt

Friday, October 28, 2011

FRAGMENTOS

*Não há nada mais eterno do que o passado, pela impossibilidade de modificá-lo.
*Vejo poesia em tudo. Por isso, ando pela calçada.
*Somos excelência em ciência e tecnologia, mas pobres em sabedoria.
*Há amores acidentais e amizades essenciais.
*Ando à procura de um "talvez", e talvez você seja o meu "onde".
*Não há maior distração do que ser humano.
*Ninguém pensa nem age para ter paixão, mas pensa e age porque tem paixão.
*Vivo estudando. Quando não tenho o que fazer, estudo.
*Leio desde quando não sabia ler e escrevo desde quando não sabia escrever.
*Todo homem crê no limite de sua fé e descrê no limite de sua descrença.
*Forte não é quem bate, mas quem defende.
Rico não é quem tem, mas quem ajuda.
Inteligente não é quem humilha, mas quem ensina.
Sosígenes Bittencourt

Lixo ianque, luxo brasileiro

Nada contra o sangue de nossos irmãos. Somos um país católico. Por Jesus, como somos. Mas, reaproveitar lençóis de lixo hospitalar norte-americano é muita seboseira. Primeiro, é preciso saber o que diabo veio fazer lençol ensanguentado dos Estados Unidos em Suape, indo parar em Santa Cruz do Capibaribe e Campina Grande. Qual o vampiro que trouxe, por que trouxe, o Drácula que obteve e como obteve para revender? A Receita Federal pegou 2 contêineres com 46 toneladas de nojeira hospitalar em Suape. Tinha até seringa usada, sabe-se lá em que nádega utilizada. Imagine se o material não fosse proibido de entrar nesta joça e não fedesse como fede. Na Paraíba, tem casal de namorados fazendo nenen sobre o lixo em motéis de luxo. Gente ligada à saúde diz que esses panos têm de ser esterilizados, não podem ser simplesmente ensaboados e estendidos no arame. Não é só sabão Jabacó e água sanitária pra tirar o grude. Funcionários camuflados, da Folha de São Paulo, compraram 4 kg de lençóis, a 10 mil réis o kg, em uma loja de tecidos e retalhos na pátria da máquina de costura. Os empregados da loja alegaram “problemas no sistema” para não expedir nota fiscal. Tudo conversa fiada. Depois, botaram o rabinho entre as pernas, bateram as portas e se picaram. Tão bonzinho que era o comércio de Santa Cruz do Capibaribe, agora “americanalhado” desse jeito. Parece mais a Transilvânia do sanguessuga do cinema. Um povo tão criativo e trabalhador. Vá ver que tem gente ambiciosa, metida nesse negócio de vender lixo pra luxar.
Sanitário abraço!
Sosígenes Bittencourt

Quadro de Frases



A moral não ensina a ser feliz,

mas a ser digno da felicidade.

Emanuel Kant

Tuesday, October 25, 2011

Lenga-lenga no Orkut sobre uso de drogas

O ser humano que conhecemos é um ente que deseja. Os brucutus comiam porque sentiam fome. Nós sentimos fome, desejamos comer chocolate. O desejo não busca o prazer, busca um objeto. Tanto que há desejos que buscam o que não dá prazer. Todo ser humano é suscetível de viciar-se. Conhecemos gente que mete o pau em quem bebe e fuma, mas come feito bicho. Vício é todo hábito que faz mal. Há também diferença entre USUÁRIO e DEPENDENTE. O usuário usa, o dependente depende. O usuário usa quando quer, o dependente não consegue parar de usar. O usuário guarda uma garrafa de vinho para beber no sábado com a namorada. O dependente troca os carinhos da namorada pelo vinho. Enfim, se a droga existe e o viciado tem como adquiri-la, não tem como evitar a negociação. É caso sem remédio. Só há duas saídas: ou você tira a droga de circulação, ou pune o viciado pelos ERROS que eventualmente COMETER. Não se combate droga mimando usuário nem enclausurando inocente, com pena nem ódio de quem usa. Drogado não tem que ser acariciado nem castigado. Não se combate droga, criminalizando o uso. Se usar droga fosse crime, porque é vício e faz mal, você não poderia ingerir fritura nem transar com pessoas de grupo de risco. Copiou?
Ébrio abraço!
Sosígenes Bittencourt

Monday, October 24, 2011

Entre pipocas

Acontecimento digno de registro ocorreu em João Pessoa (PB), na semana passada. Marlene Alves da Cruz passou mal na quinta-feira, foi socorrida e morreu do coração no dia seguinte. O inusitado é que, nesse ínterim, pediu para ser sepultada num caixão cheio de pipocas. O motivo era porque dona Marlene, embora às 43 primaveras, não gostava de flores. A guloseima manufaturada era-lhe mais atraente do que a obra da natureza.

Aqui, em Vitória de Santo Antão (PE), o falecido pastor Lidônio Fragoso de Almeida, que realizava cultos na Igreja Evangélica Congregacional, sempre recitava para os fiéis:

O homem faz um navio

faz uma fortaleza

mas não faz um limão

que é obra da natureza.

Requiescat in pace

Sosígenes Bittencourt

Fala, Vitória


DROGAS COM CLIENTES EM PIZZARIA

A polícia arrastou 6 clientes de uma pizzaria, em Vitória de Santo Antão, tentando saborear droga. Aventaram a hipótese de penalidade à proprietária.

Vamos esclarecer. Se a Polícia for fechar ambiente onde tem marmanjo com maconha debaixo do capacete e menina com crack ensacado na vagina, nem a Igreja fica aberta. Por isso, a blitz só é realizada com denúncia. Se houvesse baculejo, a céu aberto e de rotina, a cidade estaria um deserto. A questão também é a seguinte: Quem foi que proibiu usar droga? Quem foi que proibiu tomar veneno? Você já viu alguém preso, porque tomou um porre de Baygon? O que ninguém quer encarar é que DROGA virou mercadoria e TRÁFICO virou negócio. E que, quando um quer vender e o outro quer comprar, só não há negociação se não houver dinheiro. É feito mulher quando quer dar e homem quer receber. Só Deus evita. O resto é hipocrisia, tá ligado?

Equivocado abraço!

Sosígenes Bittencourt

Brasil 1, Costa Rica 3

A Costa Rica é um dos piores times que o mundo já viu jogar, e a Seleção Brasileira, que conseguiu ser desclassificada por ela, é inclassificável. Não há adjetivo para apelidar semelhante desordem. Não é uma Seleção, é um bando de jogadores. Prova da ruindade é ter empatado em 0 a 0, com Cuba, para a eterna felicidade dos cubanos e o rejuvenescimento de Fidel Castro. E tem detalhe, os costa-riquenhos perderam um pênalti, e tivemos Lucas Zen expulso, porque deu um karatê no adversário.

Apesar da torcida mexicana estar torcendo pelos brasileiros, o juiz mexicano Ricardo Arellano, um baita acanalhado, apitou contra a canarinha o tempo inteiro. No final, a conversa é sempre essa: Agora, é levantar a cabeça e pensar na próxima partida.

Que partida, perna de pau?

Decepcionado abraço!

Sosígenes Bittencourt

Saturday, October 22, 2011

Olho por olho

É assassinando que se é assassinado. Iludido quem mata e espera receber carinho. Kadafi deve ter sido vítima da Lei do Talião: dente por dente, olho por olho.

Segundo reflexão do espírita e benfeitor Chico Xavier, poder-se-ia dizer que Kadafi não poderia fazer um novo começo, mas poderia fazer um novo fim. O ditador líbio não submeteu, platonicamente, a maldade d'alma à razão, a ilusão de poder à inteligência. Quando matou, pelo poder, foi covarde; quando enfrentou os descendentes do genocídio, foi imprudente.

Há quem diga que Kadafi era um democrata, amigo do povo e lutava para derrubar ditadores e ditaduras. A questão é que, de tanto lutar contra ditadores e se perpetuar no poder, virou ditador também. Aí, o povo aprendeu que não se deve tolerar ditadores, o remédio é matá-los. O feitiço virou por cima do feiticeiro.

Mas, Kadafi não foi morto às escondidas, torturado em masmorra, sem o direito de dar um pio. Pelo contrário, foi morto a céu aberto, no meio do povo, pelo povo, com direito a pedir clemência. Quer dizer, morreu de maneira digna, lutando, ouvindo as razões do ódio dos seus inimigos.
Irracional abraço!

Sosígenes Bittencourt

Friday, October 21, 2011

Morte de Palmeira Filho



(3 anos da morte de Palmeira Filho)


Conheci Palmeira Filho aqui em Vitória, sendo-lhe anfitrião e cicerone - nesta cidade cheia de contrastes, às vezes irritante, mas sedutora - não sei precisar há quantas décadas. Palmeira era um homem simples, brasileiro como nós, submetido às agruras financeiras do cotidiano, apaixonado pela vida, portador dessa alegria com que driblamos os problemas nacionais. Embora transitasse normalmente pelas calçadas, Palmeira tinha o dom de falar para as multidões. O microfone da rádio era a extensão da sua voz, lenitivo para sua dor, fuga para os seus aperreios existenciais. Maceteado na arte de conquistar o ouvinte em Freqüência Modulada ou Amplitude Modulada, modulava sua voz na conveniência da hora, desde um reclame a um recado amoroso numa caixinha de pedidos.
Um dia, eu o encontrei já meio combalido, cansado dos problemas do dia a dia, empunhando um copo de bebida e um cotoco de cigarro entre os dedos. Transpirava e tinha as mãos frias. Como vislumbrei sérias complicações de saúde e desânimo existencial, aconselhei procurar uma igreja. Estava na hora de parar de afogar problemas, tentar resolver tudo sozinho ou confiando nos homens. Suas questões transcendiam o lado visível, precisava de auxílio maior, socorro de outra esfera, arrimo da . E porque ouvisse meu conselho, viveu ainda por mais de uma década.
Imagino Palmeira no mundo invisível, como descreveu em poema, Manuel Bandeira, Irene Preta sempre de bom humor.
- Palmeira!... Palmeira!...
E Palmeira, se virando: - Ôi, Sosígenes, agora eu estou nas graças de Deus. Penso que está na hora de você procurar uma igreja.
Ali, ele me olha, baixa a cabeça e sai andando. O seu gingado ainda é o mesmo, seu tom de voz.
Imagino a célebre inscrição tumular: “Eu fui como tu és, e tu serás como eu sou. Pensa nisto, e vai com Deus.
E numa despedida tipo da terra, em lugar desconhecido: - Até mais, Palmeira, a gente se vê.
Sosígenes Bittencourt

Tuesday, October 18, 2011

O cientista Elsimar Coutinho

Todo cara que vai tagarelar na mídia torna-se polêmico. Dr. Elsimar Coutinho é um deles. Ele fala tudo que lhe dá na telha. E quem não quer ouvi-lo? O professor, médico e cientista baiano fala sobre sexo o tempo todo. E sai-se com cada uma danada. Em suas entrevistas, diz que limão é bom para acidez. Vê só... Ele defende a administração de pouco ácido para combater muito ácido. Quer dizer, umas gotinhas de limão seriam benéficas para um estômago incendiado por uma bomba de sódio, flagelado pelo excesso de ácido clorídrico. Conta que, antigamente, as pessoas tinham esse hábito. Isso, antes do Omeprazol e da Ranitidina. Depois, acusa o Omeprazol de provocar impotência porque reduz a produção de hormônios responsáveis pela tesão e a alegria de viver. Diz que a maior besteira foi terem retirado o Citotec do mercado. Só porque o Citotec era um medicamento para úlcera gástrica, e as pessoas estavam utilizando o remédio para fazer aborto. Realmente, o que é que tem a ver uma coisa com outra? Aí, diz que a Santa Inquisição passou séculos matando pessoas, e a Igreja quer condenar aborto. Fala sobre ciúme e memória como ligados a hormônios do sexo e defende reposição hormonal. Enfim, os verbos que mais conjuga são Progesterona e Testosterona. Uma de suas reflexões merece explicação: "O homem é mulher dependente". E cita Woody Allen: "A masturbação é o único tipo de sexo que você pratica com a pessoa que você mais ama."

Enfim, Dr. Elsimar Coutinho é fiel à ciência, cujas descobertas não têm a ver com a ética. A Bioética é que trata do uso da descoberta.
Polêmico abraço!

Sosígenes Bittencourt

Monday, October 17, 2011

Educação verdadeira


Educação verdadeira faz enxergar limites. Você torna-se mais consciente de sua ignorância, socraticamente sabendo que nada sabe. Porque o saber leva você a um contato maior com o que ignora, é como se fosse uma bola que se inflasse perante a ignorância. Quanto maior, mais amplo o contato com o desconhecido. Por isso, pessoas que sabem menos são mais arrogantes, enquanto o sábio, quanto mais sábio, mais propenso à humildade. Humildade, não no sentido de timidez, mas no sentido de reconhecimento de limites.

Mas, sobretudo, a educação faz você sentir-se feliz com a busca da verdade e o contato com o saber. Einstein dizia, com muita propriedade: A alegria de ver e entender é o mais perfeito dom da natureza.
Sábio abraço!
Sosígenes Bittencourt

Saturday, October 15, 2011

Para o Dia do Comerciário

Feriado, dia de segunda-feira, é faca de dois gumes. Tanto faz você se dar bem, como se dar mal. Quem odeia segunda-feira, pode sair para comemorar, ir a um barzinho, tomar uns birinaites e cair na cama para curtir a ressaca. Besteira. A terça-feira vira uma segunda pior do que se o "comerciário" estivesse trabalhando. Quem opta por ficar em casa, excitando o parceiro para reacender velhos desejos, tira melhor proveito. Essa história é assim. Quando se é namorado, a excitação vem em decorrência do desejo. Quando se é casado, e o desejo foi embora, o conselho é se excitar para reacender o desejo. Funciona.

Há uma outra história que eu me lembro quando é feriado, porque penso que a melhor opção é namorar. E namorar pode ser com a esposa. Por que não? A história é a seguinte. Diz que os casais orientais começam com uma grande amizade para terminar num grande amor. Já os ocidentais começam com uma grande paixão para terminar numa separação. Deve ser o vexame. Não há paciência para confeccionar uma boa e duradoura relação. O negócio é, antropofagicamente, um comer o outro na força da concupiscência.

Mas, voltando à história do Dia do Comerciário, o bom mesmo é fazer desse dia um bom negócio, transformando-se de comerciário, que vende o que é dos outros, num bom comerciante daquilo que lhe pertence. Afinal, o amor faz parte da felicidade democrática por ser um bem que pertence a todos, sem distinção de classe ou status social.

Proveitoso abraço!

Sosígenes Bittencourt

Tuesday, October 11, 2011

Comendo paima

Agora, inventaram essa expressão “comendo paima”. Coisa como “engolindo corda”, cuja vítima é o cacimbão.
Mas, pegando carona na moda, esse é um tempo propício para otário cair em cantada de político sabido, raposa velha em influenciar candidatura. O poderoso passa a mão na cabecinha do inocente, alisa o narcisismo do embevecido, e diz: “Você, hoje, tem voto pra ser vereador na cidade”. Aí, o influenciado vai dormir sadio e acorda candidato a vereador. Filia-se a partido que nem sabe traduzir a sigla. Depois de filiado, até a maneira de andar muda de cadência. Afaga menino, diz que o vizinho está jovem, a vida vai melhorar, o mundo não vai se acabar e que bom mesmo só Jesus. Toma pinga no balcão da venda, mete o pau na inflação, ri para os inimigos de estimação, vai às igrejas, ao estádio de futebol, vela defunto e chora em sepultamento. Sempre pensando que toda pessoa que conhece é um eleitor em potencial. Confunde popularidade com eleitorado. Ora... se o cara vende mangalho e ninguém lhe deve um pimentão, quem fez favor a quem? Ninguém. Depois, tem detalhe. Aquele que tem um dinheirinho, porque trabalhou e amealhou, não tem, necessariamente, gabarito para administrar uma cidade. “Ah! fulano é um homem próspero, enricou do nada. É um homem honesto e trabalhador, daria um bom prefeito.” Conversa mole pra boi dormir. Conhecemos incontáveis casos de políticos imaturos, eleitos por eleitores piores ainda. Portanto, meu vaidoso amigo, cuidado com a vivacidade dos sedutores, dos craques em inventar candidatura, não alimente tanta ilusão. Lembra-me o Eclesiastes: Vaidade das vaidades, tudo é vaidade.
Dr. João Cleofas de Oliveira costumava dizer: O amor na política é mais forte do que no amor.
Prudente abraço!
Sosígenes Bittencourt

Dia da Criança

O importante não é fazer uma criança sorrir no Dia da Criança,

é não permitir que ela chore pelo resto dos dias.

Sosígenes Bittencourt

Monday, October 10, 2011

As razões de Reguffe

Machado de Assis dizia que "Toda cidade tem de ter um louco para chamar as pessoas à razão". Duvido que não estejam chamando o deputado José Antônio Reguffe de doido ou amostrado. Só que, até que prove o contrário, não é o que parece. A renúncia a todas as mordomias de deputado foi amarrada em caráter irrevogável. Quer dizer, nem que ele queira, não poderá voltar atrás. Reguffe teve, pelo PDT do Distrito Federal, a bagatela de 266.465 sufrágios - votação para abilhudo nenhum botar defeito. Agora, no lugar de ficar sedento pelas benesses do cargo, renunciou a uma porrada de injustificadas mordomias, concedidas com o dinheiro do povo. Abriu mão dos 14° e 15° Salários, reduziu verba de gabinete, verba indenizatória, cota de passagens aéreas, auxílio-moradia, poupando, sozinho, dois milhões e trezentos mil reais dos cofres públicos durante os 4 anos de mandato que irá exercer. E ainda expôs os motivos, externou suas razões: "A tese que defendo e que pratico é a de que um mandato parlamentar pode ser de qualidade, custando bem menos para o contribuinte do que custa hoje. Esses gastos excessivos são um desrespeito ao contribuinte. Estou fazendo a minha parte e honrando o compromisso que assumi com meus eleitores." O exemplo do deputado sugere uma mudança de postura, de mentalidade do eleitor. Se o eleitor não entender e não mudar, problema da caterva rude e subserviente que elege seus algozes.

Exemplar abraço!

Sosígenes Bittencourt

Saturday, October 08, 2011

Morte de Benge

Fazia tempo que eu não via os meus velhos pais chorando. Eu não queria contar essa história. O ser humano é um móbile frágil. É insustentável, a leveza do ser. Mas, já estávamos desconfiados de que Benge não resistiria. Era uma infecção. Estava descolorido, não andava, nos olhava com um olhar de despedida. De ontem para hoje, já não veio para a sala, não fez companhia ao meu pai. Os recantos da casa parecem circunspectos, há um silêncio diferente, as flores do jardim não se movem, ora parecem acenar um adeus, lentamente... Tanto que eu disse a minha mãe: - Mãe, não pegue bicho pra criar, animal é feito gente. A senhora vai sofrer.
Será um domingo triste. A sisudez da morte nos circunda. A cada momento, lembramos alguma coisa de Benge, suas travessuras, seus carinhos, seus gestos quando minha mãe viajava, a noite todinha ao lado do meu pai. Banhamos de lágrimas os seus pertences, apanhando pela casa. Adeus, meu camarada. Você nos ensinou a amar os animais, com o seu carinho. Você é gente, bicho. Nunca nos fez mal, sua timidez nos encantava, desculpa as vezes que fomos arrogantes e incompreensivos contigo. Deus te dê o paraíso.
Lutuoso abraço!
Sosígenes Bittencourt

Thursday, October 06, 2011

O cãozinho dodói


O cãozinho doente dói na gente. O cãozinho é feito gente. Porque todo mundo morre e nunca se acostuma com a morte.
O poodle é bichano tão sabido que não fala porque não foi à escola. Quando sua dona viajou, o poodle pegou o seu chinelinho e ficou empurrando por debaixo da porta. Todo mofino, nem sei se pode-se dizer que era saudade. Predicativamente amoroso, dorme sob a cama, puxa o lençol.
O cãozinho anda dodói que dói. Diz que é hepatite.
- Na casa tem rato? - pergunta o doutor de bichos.
- Não, mas eu vi um subindo pela parede. O senhor sabe a função do rato, doutor?
- Pergunte a Deus?
Às vezes, seres racionais, pessoas de verdade, envenenam seu semelhante por vontade. O rato nada sabe de sua letalidade.
Mas, o poodle doente dói na gente. Lembro-me da advertência: Se você vai criar um bicho, saiba que aquilo é feito gente. Um dia morre e é um velório normal. A gente morre de velho e não se acostuma com a morte. Carregamos um obituário no cérebro, a fisionomia de nossos mortos na memória, seus rostos pálidos, frios e suarentos dos derradeiros momentos.
- Você se lembra de fulano, sicrana?
- Lembro. Parecia que estava dormindo.
Mas, o poodle fica nos olhando, anda capengando pela casa, somos uma espécie de seu deus. Houve um tempo em que os homens eram assim, agiam pelo instinto, não havia concepção de mitos nem desejos. Os homens eram uma espécie de demônios. Menos mal, hoje parecem o diabo em figura de gente.
Mas, o poodle parece que está com hepatite. Deus o livre da leptospirose. Foi alguma extravagância que ele fez, apesar de que não bebe. Um cidadão deduziu que o homem é o mais burro dos animais. E explica, todo contente com sua invenção: - Você já viu um cavalo com um cigarro no bico? Um jumento tomando cachaça?
Risos!
O poodle, tomara que não tenha que relatar sua morte. As pessoas choram, e a função do escritor é alegrar as pessoas. Oremos pelo bichano.
Veterinário abraço!
Sosígenes Bittencourt

Tuesday, October 04, 2011

A Grécia é uma graça


A Grécia é uma graça. A Grécia não é um mito, mas capricha pra tragédia grega. A Grécia precisa “primeiro viver para depois filosofar”, seguir, ipsis litteris, o conselho latino “primum vivere, deinde filosophari”. Mas, a Grécia nem consegue viver nem filosofar. De mãos estendidas, pede socorro financeiro ao mundo, sacrificando seus filhos, aos pés de mandatários incompetentes e impiedosos. Parece o destino, ou obra do acaso, mas termina sendo efeito da safadeza dos homens, da olímpica arrogância dos mortais. Aos gregos governados, quem inventou a pobreza foram os governantes, ou seja, os detentores do poder, os egoístas, os malfeitores. Por isso, não querem se submeter a sacrifícios, pois não creem em mitos de qualquer esfera. Antes, se revoltam, tomam as rédeas do destino e implantam a desordem, na base da pedra, tisnando o chão com o seu sangue. A vontade faz aflorar a coragem, a faculdade acorda sua virtude. Sócrates, que morreu pelas leis de sua cidade e para não abjurar suas convicções, revira-se na tumba. Não há mais filósofos na Grécia como no longínquo período dos Cínicos. O cinismo puro virou atrocidade, autoritarismo, uma risadagem obscura sobre a miséria humana, é a contrafação da postura filosófica que ia ao mercado procurar saber o que não era necessário para viver. Oh! socrático-platônicos, que ensinastes o despojo e o culto à virtude como caminhos para a felicidade, ensinai! ensinai! A Grécia precisa da Grécia. A Grécia é uma graça. A Grécia anda uma desgraça. Parece uma tragédia grega.
Trágico abraço!
Sosígenes Bittencourt

Monday, October 03, 2011

O lado bom da vida

Esta é uma das rosas que recebi por e-mail, remetido por dona Conceição Azevedo, leitora do meu blog. Chamada de Rosa da Sinceridade, escolhi como a mais bela. Sincero era Jesus, que agia como pregava. Dona Conceição é apaixonada pelo lado bom da vida. Prova de que podemos ser felizes, sentindo prazer sem culpa e suportando os sofrimentos da existência sem desespero.

Estético abraço!

Sosígenes Bittencourt

Sunday, October 02, 2011

Fala, Vitória

A última festa

Este é o portão da garagem da casa de minha genitora, professora aposentada, aos 76 anos de vida, enfrentando os achaques da velhice e naturalmente precisando de sossego. Sábado, à tardinha, o alvoroço era enorme por conta de festa que iria acontecer no Clube dos Motoristas O Cisne, quando 3 conjuntos se apresentariam, para lucro e distração de uns e insônia dos moradores do bairro. Um caminhão que carregava apetrechos para o local do evento, pilotado por um senhor completamente embriagado, veio de ré e enfiou-se no portão, danificando também o carro de minha sobrinha estacionado ao lado. Se o meu menino, de 14 anos, não tem saído da frente, hoje estaríamos contemplando seus retratos. O patetê já está nas mãos da Promotoria da Cidadania e nas Pequenas Causas. Não obstante, a festa rolou até às 7 horas da matina, sem Pai Nosso de penitência. O pessoal saiu na maior algazarra, bradando palavrões, esfregando as virilhas, urinando nas calçadas, deixando um vendaval de lixo no ar. Tubinho de loló, camisinha de vênus, copo descartável, caco de vidro, o diabo a quatro. Bendito era o Cabaré de minha mocidade. Nunca vi ninguém dar uma tapa num gato. Outro dia, deram um pau num adolescente na frente desta mesma garagem que a empregada passou meia hora esfrengando o sague coalhado da vítima. Por isso, acabaram com festa no Golden Gol e na AABB. A pergunta é a seguinte: Será que os promotores dessas festas gostariam desses expedientes na frente de suas residências? Esperamos que essa tenha sido a derradeira anarquia aqui no bairro.

Esperançoso abraço!

Sosígenes Bittencourt

Saturday, October 01, 2011

Um estudioso que dança

- Professor, onde é que o senhor arruma tanta história pra contar?

- Não sou eu que arrumo, minha filha, é a vida que me mostra e, aí, eu saio contando.

- Mas, o senhor não é um dançarino?

- Não, minha influenciada, eu não sou um dançarino que estuda, eu sou um estudioso que dança.

- Mas, quando é que o senhor estuda?

- Quando você não me vê. Mas, vou providenciar um carro alegórico para desfilar e todos me acompanharem durante as horas e os dias em que estudo.

Peripatético abraço!
Sosígenes Bittencourt