Um dia, eu fui bater em Mocotó. Mocotó fica na zona rural de Vitória de Santo Antão. Para chegar a Mocotó, vai por Natuba e tem a Ladeira do Comprido. Em Natuba, tem alface que só.
- Onde fica Mocotó? – pergunta-se ao matuto.
- Ali, logo ali. Vá indo, que o senhor chega lá. – estirando os beiços.
E tome a botar marcha, acelerar e debrear, suspirar, cantarolar, o vento assanhando o cabelo. Eu tinha cabelo naquela época. Mocotó já foi lugar de se contratar empregada doméstica. Isso foi no tempo em que empregada só prestava se fosse de sítio. Hoje, elas assistem a Malhação.
E lá ia, eu, pra Mocotó em meu Chevette bege, carregando duas camaradas assanhadas e uma garrafa de pinga. Sequer precisava, posto que, na barraca de Pedro Amaro, só era o que tinha. Até garrafa de Pitú com tampa forrada de cortiça, empoeirada na prateleira. Coisa rara. Diz que uma custa cem mil réis. Aí, botamos pra jogar sinuca e bebericar manguaça com linguiça. Sardinha também. Juntou foi gente.
- Dona fulana, vê quem tá na venda!
- Quem?
- Aquele professor lá da cidade.
Foi em Mocotó que eu vi uma velha de bigode. Um "mói” de gato espalhado pelo chão. Tinha bichano até debruçado na janela. Foi num arruado chamado Vila Marinho.
Mas, no pega-bebo de Pedro, entre uma tacada e outra, uma talagada e outra, uma piada, uma distração, uma risadagem danada. Isso foi durante a tarde todinha.
De repente, começou a anoitecer em Mocotó. Arrumamos os picuás e botamos pra voltar. O Chevette, ora acelerava, ora bufava. Parecia que era o carburador, o giclê entupido. Dava catabi na rodagem. O lençol da noite vinha forrando o dia. Tinha uns meninos pegando carona, encardidos, cheirosinhos a verdura, contentes que só pinto no lixo. Um deles manifestou: - Êita coisinha boinha, mô Deu.
E como não podia deixar de ser, paramos na primeira venda em Lagoa Redonda. As lambisgóias estavam danadas de enxeridas, falantes e esfomeadas.
- Me dá a saideira aí, seu fulano!
E o velho, solícito: - Pois não, meu jovem.
Também vinha pensando: esse mundo jamais fará reforma agrária.
Vesperal abraço!
- Onde fica Mocotó? – pergunta-se ao matuto.
- Ali, logo ali. Vá indo, que o senhor chega lá. – estirando os beiços.
E tome a botar marcha, acelerar e debrear, suspirar, cantarolar, o vento assanhando o cabelo. Eu tinha cabelo naquela época. Mocotó já foi lugar de se contratar empregada doméstica. Isso foi no tempo em que empregada só prestava se fosse de sítio. Hoje, elas assistem a Malhação.
E lá ia, eu, pra Mocotó em meu Chevette bege, carregando duas camaradas assanhadas e uma garrafa de pinga. Sequer precisava, posto que, na barraca de Pedro Amaro, só era o que tinha. Até garrafa de Pitú com tampa forrada de cortiça, empoeirada na prateleira. Coisa rara. Diz que uma custa cem mil réis. Aí, botamos pra jogar sinuca e bebericar manguaça com linguiça. Sardinha também. Juntou foi gente.
- Dona fulana, vê quem tá na venda!
- Quem?
- Aquele professor lá da cidade.
Foi em Mocotó que eu vi uma velha de bigode. Um "mói” de gato espalhado pelo chão. Tinha bichano até debruçado na janela. Foi num arruado chamado Vila Marinho.
Mas, no pega-bebo de Pedro, entre uma tacada e outra, uma talagada e outra, uma piada, uma distração, uma risadagem danada. Isso foi durante a tarde todinha.
De repente, começou a anoitecer em Mocotó. Arrumamos os picuás e botamos pra voltar. O Chevette, ora acelerava, ora bufava. Parecia que era o carburador, o giclê entupido. Dava catabi na rodagem. O lençol da noite vinha forrando o dia. Tinha uns meninos pegando carona, encardidos, cheirosinhos a verdura, contentes que só pinto no lixo. Um deles manifestou: - Êita coisinha boinha, mô Deu.
E como não podia deixar de ser, paramos na primeira venda em Lagoa Redonda. As lambisgóias estavam danadas de enxeridas, falantes e esfomeadas.
- Me dá a saideira aí, seu fulano!
E o velho, solícito: - Pois não, meu jovem.
Também vinha pensando: esse mundo jamais fará reforma agrária.
Vesperal abraço!
Sosígenes Bittencourt