Oxalá esteja na câmera do cinegrafista a imagem do seu algoz.
Pode-se imaginar que Gelson Domingos da Silva, de 46 anos, foi vítima de “aberratio ictus”, ou seja, morto fatalmente por um tiro direcionado a um policial. Quer dizer, erro quanto ao alvo. Contudo, não custa desconfiar de que o traficante tenha atirado no cinegrafista, na favela de Antares, Zona Oeste da Cidade outrora Maravilhosa. Relembremos Tim Lopes, torturado e incendiado porque bisbilhotava atividades de narcotraficantes no Rio. Esses funcionários do tráfico, que perderam o amor à vida, não sentem patavinas em relação à vida dos outros. Aliás, eles não matam porque usam drogas, matam para traficá-las. A revolta é com a contrariedade e julgam que matam em legítima defesa. Alguns são viciados e outros detestam. A questão é que droga virou mercadoria e tráfico virou meio de vida. Coisa de Terceiro Mundo, apregoada à falta de emprego, misturada com falta de educação. Gelson estava trabalhando, era um cara batalhador, não tinha nada a ver com o pato. A família confessa que Gelson saiu de casa, naquela manhã, rezando. Parece obra do destino, picardia dos deuses. Porque quem entende de estratégia de operacionalidade são aqueles policiais troncudos, pesadões, que sabem se safar de tiro, embolando pelo chão e se acocorando nas esquinas. É bom tomarem como exemplo. Cinegrafista, dia de domingo, no Rio, é pra se refrescar na orla marítima de Copacabana, empunhando chopp, namorando a vida, não para desafiar a morte. Porque esse negócio de tráfico, de nóia, não tem quem acabe, principalmente porque ninguém quer acabar.
Requiescat in pace!
Sosígenes Bittencourt
Pode-se imaginar que Gelson Domingos da Silva, de 46 anos, foi vítima de “aberratio ictus”, ou seja, morto fatalmente por um tiro direcionado a um policial. Quer dizer, erro quanto ao alvo. Contudo, não custa desconfiar de que o traficante tenha atirado no cinegrafista, na favela de Antares, Zona Oeste da Cidade outrora Maravilhosa. Relembremos Tim Lopes, torturado e incendiado porque bisbilhotava atividades de narcotraficantes no Rio. Esses funcionários do tráfico, que perderam o amor à vida, não sentem patavinas em relação à vida dos outros. Aliás, eles não matam porque usam drogas, matam para traficá-las. A revolta é com a contrariedade e julgam que matam em legítima defesa. Alguns são viciados e outros detestam. A questão é que droga virou mercadoria e tráfico virou meio de vida. Coisa de Terceiro Mundo, apregoada à falta de emprego, misturada com falta de educação. Gelson estava trabalhando, era um cara batalhador, não tinha nada a ver com o pato. A família confessa que Gelson saiu de casa, naquela manhã, rezando. Parece obra do destino, picardia dos deuses. Porque quem entende de estratégia de operacionalidade são aqueles policiais troncudos, pesadões, que sabem se safar de tiro, embolando pelo chão e se acocorando nas esquinas. É bom tomarem como exemplo. Cinegrafista, dia de domingo, no Rio, é pra se refrescar na orla marítima de Copacabana, empunhando chopp, namorando a vida, não para desafiar a morte. Porque esse negócio de tráfico, de nóia, não tem quem acabe, principalmente porque ninguém quer acabar.
Requiescat in pace!
Sosígenes Bittencourt
No comments:
Post a Comment