Thursday, February 25, 2016

SOBRE A BREVIDADE DA VIDA

ser humano é um animal sem solução. Ele tem sempre a impressão de que há algo de errado consigo mesmo. Sobretudo quando submetido à angústia de que a morte é o horizonte da vida.
Todo ser humano tem um livro escrito na memória que vai folheando, folheando... Às vezes, desprende um aroma. É o passado intrometendo-se na vida da gente, o passado sempre presente. O passado que se alonga, e o futuro que vai se tornando cada vez mais curto.
A brevidade da vida relembra o poeta romano Horácio (65 - 8 a.C.), agoniado com a fugacidade do tempo: Eheu! fugaces labuntur anni!: Ai de nós! os anos correm céleres.
Tudo que nos mantém vivos, nos mata. Sem o oxigênio, morreríamos; por causa do oxigênio, morreremos. Sem colesterol, morreríamos; por causa do colesterol, morreremos. Se não comêssemos, morreríamos; porque comemos, morreremos. Tudo que nos faz viver corrói a vida. Tudo que auxilia na vida, auxilia na morte.
O filósofo alemão Martin Heidegger (1889-1976) referiu-se ao tempo de vida: Um minuto de vida é idade suficiente para morrer.
Efêmero abraço!

Sosígenes Bittencourt

1 comment:

Sosígenes Bittencourt said...

A velhice é o vestibular da morte. Quem for aprovado, morrerá em paz; quem for reprovado, morrerá desesperado. Oportuno perguntar se alguém suportaria viver no mundo para sempre. O advogado, jornalista e poeta paulista Guilherme de Almeida (1890-1969) resumiu o cansaço da vida: A ciência, se fôssemos eternos, num transporte de desespero inventaria a morte.