Este mês de junho é, sem dúvida, o
mês mais excitante e debochado do ano. Só se fala em namoro, beijo, a Espada de
Apolo refletida no Espelho de Vênus. O mundo levanta a saia, desabotoa-se, caem
os panos. É o mês do “frisson”, do friozinho na barriga. Diz que há 484 tipos
de beijo; que o animal racional dá 24 mil beijos durante a vida; que uns beijam
com a cabeça inclinada para a direita, porque ficaram envergados na cápsula
uterina; que a saliva do homem injeta testosterona na boca da mulher para ela ficar querendo
se entregar. Vinícius de Moraes inventou que “a hora do ‘sim’ é o descuido do
‘não’". As noites cheiram a lenha queimando, guloseimas de milho. O som é
de estampido, sanfona gemendo, arrasta-pé. A visão é de Luiz Gonzaga entrando
no céu com gibão e tudo. Tempo de olhares desconfiados, mãos bobas, a
musculatura pegando fogo e as vísceras abdominais resfriadas. Raro o mortal que
não cometeu uma safadeza carnal nesse clima. Às vezes, com quem nunca viu; às
vezes, com sua prima. Descobriram até que casados gostam de boca cheirosinha a
pasta de dente, e que solteiros são chegados a um cheirinho de álcool. Vôte!
Tempo de mexerico, hipocrisia. Tem gente que mete o pau naquilo que mais adora.
Diz que a língua tem toneladas de terminações nervosas, por isso beijar
engatilha o desejo e faz bem à saúde. A beijoterapia ensina que a ocitocina faz
um elemento ficar gostando do outro. Mas, diz que o beijo movimenta 29 músculos
e permuta 250 bactérias, o que pode servir para espalhar a Gripe Suína. Deus
nos defenda! Por isso, o jornalista italiano Dino Segre, popularmente conhecido
como Pitigrilli, enredou que “o beijo é uma troca de bactérias em campo úmido.”
Enfim, o beijo é um bicho danado. Ninguém é o mesmo depois de um beijo.
Ensalivado
abraço!
Sosígenes Bittencourt
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