Saturday, December 10, 2016

MORTE DE FERREIRA GULLAR



A morte do poeta ludovicense Ferreira Gullar semelha o desmoronamento de um monumento, ou o emudecimento de um pássaro que perdeu o poder de cantar.
O poeta escreve sempre mais do que imprime, ou seja, há mais poema na alma do que impresso. É esta a impressão que nos passa, a de que, quando o poeta passa, a poesia passa. Muito embora, a poesia não seja feita quando o poeta queira, mas quando a inspiração o possui, uma espécie de transe.
Portanto, houve muito mais poesia nos dias de Ferreira Gullar, do que nos livros que escreveu. E escrever é um ato em favor da memória -  escrever para não esquecer.
A romancista cearense Rachel de Queiroz dizia que “Toda morte é um prejuízo, mas a morte de um poeta é uma agressão ao patrimônio humano.”      
Quando Manuel Bandeira faleceu, o seu poeta e amigo Carlos Drummond de Andrade escreveu: Agora, Manuel Bandeira é pura poesia profundamente.
Eu diria que:
Essa história de ser poeta é dom.
Um bom dom.
O poeta não faz poesia com as flores,
com o mar,
com o céu,
sem a intenção de que você
habite sua poesia.
Ou seja,
sinta o aroma das flores,
a imensidão do mar,
o mistério do infinito.
Sosígenes Bittencourt


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