Paixão – um assunto apaixonante
Não há assunto mais apaixonante do que a “paixão”. Basta alguém pronunciar duas palavras sobre o tema, curiosos imediatamente se voltam, querendo participar e dar opinião. Uns suspiram, outros se enfurecem, mas no fundo bate uma impressão de que todos sofrem. A princípio, parece que o prazer que a paixão promove não vale a pena pelo sofrimento que impõe às suas vítimas. Talvez, porque o prazer seja fugaz, momentâneo, e a ansiedade, perene. Há um provérbio que diz: “O homem é triste após o coito.” Menotti del Picchia, em Juca Mulato, diz: “A vida é um punhal com dois gumes fatais, não amar é sofrer, amar é sofrer mais.” E por que ninguém é capaz de escapar desse sentimento, ou exorcizá-lo ? O psiquiatra Rubens Coura afirma que “a paixão é um arrebatamento de mal conhecer o outro e idolatrá-lo. Ela é solitária.” Depois, traça uma comparação interessante quando diz que “o amor é sempre bilateral e se desenvolve com contato, admiração pelas qualidades, perdão pelos defeitos.” E de tanto ser alvo de atenção, a paixão já provocou até estudos científicos. Pesquisa realizada na Flórida comprovou que o sentimento é capaz de provocar os mesmos efeitos induzidos pelas drogas, como a heroína e a cocaína, o que nos leva a crer que vicia. Pegando carona na rima, botaram a culpa na dopamina, uma substância secretada pelo próprio organismo e responsável por estimular os centros de bem-estar do cérebro. O interessante é que se perguntarem a um flechado por Cupido ou incendiado por Eros se deseja bloquear o efeito desta substância, a maioria preferirá continuar pagando com a dor pela sensação de prazer. Betty Milan explana que “a paixão apresenta-se como um enigma e nunca se deixa decifrar inteiramente. Impossível saber por que quero tanto e a tal ponto disso dependo.” Carente de explicações sobre o mundo a sua volta, o homem sente-se perdido, ao não saber o que se passa dentro de si mesmo.
Sosígenes Bittencourt
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