Thursday, November 23, 2006

Contra o Amor


Laura Kipnis
Profª e escritora norte-americana







As religiões geram seus hereges. Toda ideologia tem seus apóstatas. Até as vacas sagradas encontram seus açougueiros. Menos o amor. Mesmo com divórcios, infidelidades e incompatibilidade de gênios, ainda insistimos em idealizar as relações amorosas. Em Contra O Amor, Laura Kipnis ousa discutir a idéia do amor romântico e nos faz entender que uma pessoa não pode preencher todas as nossas necessidades. Nesta polêmica análise, reavaliando o amor, os custos emocionais e os impasses dos relacionamentos afetivos contemporâneos, Laura nos faz entender que se o amor é um consenso, toda unanimidade é perigosa. Contra O Amor, com humor e seriedade, explora as regras e rituais do casamento e da domesticidade modernos. Laura lança provocações, vez por outra zombarias, ao contestar uma coisa tão inquestionável e tão profundamente arraigada, algo tão homologado por filmes, comerciais e livros, que nem ao menos nos damos conta de que também é uma construção. A literatura sobre o amor é vasta. Milhares de manuais de auto-ajuda nos convencem de que o trabalho é árduo, mas a recompensa, maravilhosa. “Mas será que somos marionetes sociais tão manipuladas que aceitamos automaticamente todas as histórias de sempre sem questionar nada?”, pergunta a autora. Laura analisa com habilidade as estruturas maiores do poder a que servem os casamentos e as relações monogâmicas e duradouras. Lembra como a nova economia não deixou o trabalho mais interessante, e tornou necessárias formas compensatórias de satisfação. O amor, incrivelmente maleável, molda-se de acordo com a vontade de cada um e dá conta do recado tão bem ou melhor do que outras substâncias disponíveis. Na cultura da mercadoria, ele se adapta ao papel de uma mercadoria barata, vendida a consumidores entediados, como um bálsamo para o vazio.Com habilidade de romancista e precisão terapêutica, Laura nos confronta com as mesquinharias da insatisfação, a impaciência, o ciúme, o adultério. O custo-benefício entre a recompensa afetiva prometida pelo amor e as renúncias que a sociedade exige de nós. Insinuantemente cruel e extremamente engraçado, Contra O Amor não oferece respostas fáceis, mas convida a um exame de consciência e a uma indiciação dos ideais maritais. Tudo isso embalado com punhais afiados de prosa.

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