Depois do Orkut, duvido você se circunscrever meramente à sua província, não virar um cidadão do mundo. Este é o lado bom da invenção do turco Orkut Buyukkokten, engenheiro de software do Google, que fundou, em janeiro 2004, apenas uma rede para relacionamentos e discussão de assuntos variados. Não sei se o jovem Orkut Buyukkokten é a cara da Turquia, mas ficou a cara do planeta. Aliás, para os desavisados, a palavra “orkut” significa “sagrado”, “abençoado”, cuja pronúncia correta é “ór-kut”, como se pronuncia uma palavra paroxítona. É através do Orkut que revemos amigos longínquos e conhecemos pessoas que jamais imaginamos existir. É como se estivéssemos no topo do mundo e pudéssemos ser observado. Embora o e-mail seja muito utilizado, por ser sigiloso, parece que o Orkut dá mais emoção. É uma espécie de Big Brother redigido. Antes, eu só era lido aqui em minha cidade natal, considerado um sonhador, um gastador de tinta e papel. Hoje, tem catarinense que assiste a Jô Soares para dormir e acorda para ler Fragmentos. Minha caixa de e-mail, apesar dos esforços envidados, não consigo dar vencimento às correspondências no tempo desejado. E, no messenger, há horários de pique em que mal consigo dizer “boa tarde” e “um momentinho”. Nunca imaginei que, depois de meio século de vida, fosse me tornar interessante e jovem. Já pensei várias vezes em desistir do Orkut, evidentemente pelos dissabores com os vândalos da rede, mas termino voltando atrás. As desvantagens não têm sido suficientes para que me arrependa. No mais, é só conhecimento e lazer. É uma forma de aprender, ser solidário e esquecer a solidão. Nem percebo, por vezes, a luz do sol clarear o mundo, ou descer pelo horizonte. Chegamos à conclusão de que há mais pessoas boas do que más no mundo, de que a vida dá certo, é só uma questão de mais solidariedade e conversão de conhecimento em sabedoria.
Sosígenes Bittencourt
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