Sunday, July 27, 2014

CARTA DO MEU AVÔ A SEUS FILHOS



Vitória de Santo Antão, 1 de Novembro de 1957

Meus filhos Sóflocles, Sócrates e Simônides

Sentindo-me irremediavelmente doente, peço-lhes, paternalmente, receber e cumprir os meus últimos conselhos. Procurem seguir, sempre, a diretriz da honra e do dever, procurando trabalhar, dignamente, em benefício próprio e da família. Auxiliem-se mutuamente, em caso de necessidade, vivendo em harmonia, unidos, pois a união é uma força indestrutível. Saibam, sempre, desculpar e perdoar ofensas. O perdão não humilha; ao contrário, dignifica. Ouçam os conselhos de sua mãe, a quem tudo devem. Os conselhos maternos devem ser ouvidos e acatados. Detestem bebidas alcoólicas. O álcool conduz ao crime e à miséria: é o maior inimigo da humanidade.

Seu pai, Felippe Bittencourt

3 comments:

Sosígenes Bittencourt said...

O maior orgulho que tenho do meu nome é haver sido sugerido por meu avô. Sosígenes foi um astrônomo, consultado por Júlio César, ao tempo em que o Imperador confeccionava o calendário juliano. Mas, eu e meu avô não chegamos a conviver para eu aprender com ele e ele tomar conhecimento de que eu inveredaria pelas Letras, matéria que dominava com o coração. Pelas histórias que me chegam, o meu avô era um homem íntegro e um professor na acepção pedagógica do termo. Culto e simples, tinha a capacidade de transformar o difícil no simples, o complicado no assimilável. E esta é uma bela imagem que preservo do meu avô.

Sosígenes Bittencourt said...

Embora não seja um bom exemplo, mas sou bom conselheiro. Quem decide entre CONSELHO e EXEMPLO é você. Este é o equilíbrio da vida. A vida é feita de escolhas e consequências. Daí, o mau exemplo também ser um exemplo para que você siga um bom conselho, porque o mal exemplo é uma prova de que o conselho é bom. O MAL não existe meramente pelo MAL, mas, pedagogicamente, para estabelecer que existe um BEM, cuja avaliação de resultados pode consubstanciar.

Sosígenes Bittencourt said...

Um camarada me procurou, aperreado, para me revelar uma contrariedade e pedir um conselho. Contou-me que tinha um filho que estava bebendo aos 13 anos e não sabia como aconselhá-lo porque era um beberrão inveterado. Ora - expliquei-lhe - se o seu filho está bebendo, e você não o aconselha, porque é um mal exemplo, você está sendo covarde. Porque você pode aconselhá-lo e servir de mal exemplo, para que ele siga seu conselho e não o seu exemplo. Porque você é a prova do mal, fundamentado no conselho. É só formular a pergunta, para submetê-lo à escolha. Peça-lhe para arcar com as consequências do vício. E ele fará a escolha. Acene-lhe com a cirrose hepática que você está cultivando e sirva-lhe de exemplo, como prova do mal, para justificar o bom conselho. Compreende?