Wednesday, July 27, 2016

DOCE DE BANANA E PAU DE CANELA

De manhãzinha, minha mãe manifesta o desejo de confeccionar um doce de banana. O doce é temperado com pau de canela. Aí, eu me apronto e vou comprá-lo no mercadinho do bairro. Tomo banho, boto perfume, costume antigo. Empertigado, decidido, vou desfilando pelas calçadas, narrando, em solilóquio, tudo que faço.
- Bom dia. Tem pau de canela?
O funcionário vai na frente e eu vou atrás, percorrendo o corredor de gôndolas.
- Quanto é o saquinho?
- Oitenta centavos, professor.
- Dê-me dois. (Relembrando que não se inicia frase com pronome oblíquo)
Dirijo-me ao balcão de frios e pergunto a um determinado cidadão: - O nome disso é pau de canela ou canela em pau?
Risadagem geral.
No momento da manufatura desta narração, o doce já está pronto, e a casa incendiada do aroma da guloseima, poética de ternura.
Feliz de quem pode desfrutar do tempo para escrever ou saborear uma leitura no mundo tão amargo e sem ternura que estamos vivendo.
Adocicado abraço!
Sosígenes Bittencourt

1 comment:

Sosígenes Bittencourt said...

Impossível deleitar-se com tão refinada iguaria, tão apetitoso manjar, sem produzir poesia, sem narrar sua confecção. Ademais, manufaturado com ternura pela genitora do contemplado. Caramelado abraço!