Em julho de 2014,
exatamente há dois anos, mês em que faço aniversário, perdi 3 seres humanos do
mesmo ofício. Porque ninguém se diploma na arte de escrever. Escrever é
destino, é-se escritor desde menino.
No dia do
meu aniversário, 19 de julho de 2014, dia em que comemorei 59 anos que
morreram, ou seja, que afundaram na escuridão do passado para nunca mais
voltar, faleceu o escritor Rubem Alves, um dos defensores da ideia de que o
aniversário não comemora anos de vida, comemora
anos que morreram. Daí, o apagar as luzes e soprar uma velinha no escuro.
Isso, depois de haver
contabilizado a morte, já no dia 18, do escritor baiano João Ubaldo Ribeiro,
uma inteligência notável pelo bom aproveitamento na faina de ler e escrever, e
um palestrante das ruas e mesas de bar, característica de quem nasceu para
criar personagens e viver como um ator no palco da existência.
E como se
não bastasse, logo em seguida, no dia 24, a morte encena a peça de conduzir o
escritor Ariano Suassuna à morada eterna. Ariano falecido é um morto que nos
permite sonhar, um morto que fala sem emitir palavras, de tanto que comemorou a
vida, fazendo da existência uma narrativa, transformando os dias numa palestra.
Enfim,
Esses cidadãos não tinham problema com a morte, tinham compromisso com a vida.
E se perpetuaram através de suas obras. Deram-se o direito de morrer sem jamais
serem esquecidos, concedendo o legado de suas inteligências “urbe et orbe” – à
cidade e o mundo.
Inesquecível
abraço!
Sosígenes
Bittencourt
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