O que me leva a escrever sobre barulho é a conseqüência de festas realizadas em minha rua e uma crônica escrita por Cláudio de Moura Castro em fevereiro deste ano. O economista viveu 15 anos entre a Suíça e os Estados Unidos. Mesma sorte não tive eu, sempre residindo aqui, no foco da zoada. Não sei se me adaptaria à Suíça que, de tão silenciosa, deva ser monótona. Pelo menos para mim, habituado a frevo e maracatu, samba do crioulo doido, trio-elétrico e porta-malas que falam. Outro dia, conheci duas austríacas que falavam mais por gestos do que por palavras. Imaginei que beijassem em meneios de valsa, como se bailassem. Nos dias de festa em minha rua, os meus pais septuagenários não dormem, não sossegam, e minhas elucubrações intelectuais são capituladas. Segundo Cláudio, na Suíça, “os cães não latem e as crianças não berram”. Literalmente, “é proibido cortar grama aos domingos, por causa do barulho das máquinas”. Relata que “em muitos edifícios é proibido tomar banho e puxar a descarga após as 10 horas da noite. Aviões barulhentos não pousam lá”.
Bem sei que ninguém tem tempo de estar lendo ou se incomodando com essas coisas como faço agora, mas alguém tem de desabafar pelos que sofrem. Um dos momentos mais pitorescos, dentro da descrição do economista em torno do país dos decibéis, é quando denuncia que aqui “Muitos urram fora da lei. Os pneus cantam nas curvas. A cachorrada da vizinhança tem cordas vocais de aço-molibdênio. As igrejas e os cultos confundem decibéis com fé”.
Penso que Cláudio tem muito o que reclamar nesse seu retorno à pátria do barulho. Eu o aconselharia a entrar numa dessas festas onde a juventude se embriaga ao som e o ritmo de “Lapada na rachada”, para estudar a idéia que hoje se inculca na população sobre os órgãos genitais e o exercício do prazer.
Sosígenes Bittencourt
Bem sei que ninguém tem tempo de estar lendo ou se incomodando com essas coisas como faço agora, mas alguém tem de desabafar pelos que sofrem. Um dos momentos mais pitorescos, dentro da descrição do economista em torno do país dos decibéis, é quando denuncia que aqui “Muitos urram fora da lei. Os pneus cantam nas curvas. A cachorrada da vizinhança tem cordas vocais de aço-molibdênio. As igrejas e os cultos confundem decibéis com fé”.
Penso que Cláudio tem muito o que reclamar nesse seu retorno à pátria do barulho. Eu o aconselharia a entrar numa dessas festas onde a juventude se embriaga ao som e o ritmo de “Lapada na rachada”, para estudar a idéia que hoje se inculca na população sobre os órgãos genitais e o exercício do prazer.
Sosígenes Bittencourt
1 comment:
intiresno muito, obrigado
Post a Comment