O Guru da Bagunça

Eric Abrahamson

Não há nada que se discuta mais no momento do que as colocações do guru da bagunça, o norte-americano Eric Abrahamson. Pois se você não acredita, o consultor e professor da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, anda alardeando aos quatro ventos, que desorganização aumenta a produtividade e pode ser sinal de eficiência. Imagine como não estão contentíssimos aqueles que entram em casa deixando um rastro de roupas por dentro da casa, os que levantam e não forram a cama e urinam na tampa da privada? Abrahamson chega a dizer que quando está muito ocupado, seu escritório vira uma zona, o que se pode comprovar numa fotografia em que aparece, semelhante um ratinho no meio de tanto livro e papel espalhados por todos os lugares. O difícil é converter um cidadão organizado num bagunceiro a despeito de melhorar sua produtividade e eficiência. A tese é um tanto controvertida, porque o conselho sempre foi para que as pessoas se organizassem. Lembro-me até de um slogan de uma entidade geriátrica dos Estados Unidos que dizia: Organizem-se, não agonizem. Mas, arrimado a exemplos, o professor vai mais adiante. Diz que “o mundo é completamente caótico, está mudando o tempo todo. As empresas precisam ser mais bagunçadas para poder se adaptar a essas mudanças.” Chega a acusar as empresas de tomarem a organização como um fim e não como uma maneira de fazer as coisas. Em seu livro “A Perfect Mess” (Uma Bagunça Perfeita), realizado em parceria com um outro bagunceiro, o jornalista David Freedman, acusa as empresas excessivamente organizadas de lentas e pesadas. Precisava visitar certas repartições públicas brasileiras, onde a bagunça é que as torna lerdas e ineficientes. Abrahamson deve ser uma pessoa desorganizada que venceu na vida e, de tanta sorte, aproveitou a própria bagunça para ganhar mais prestígio e dinheiro. Mas, nesses dias, surge um guru da organização que venceu exatamente por isso.

Sosígenes Bittencourt