Wednesday, April 18, 2007

Histórias do Descobrimento do Brasil


Afinal, quem descobriu o Brasil? O cartógrafo e navegador espanhol Duarte Pacheco Pereira, já em 1498, o espanhol Vicente Yañez Pinzón, em janeiro de 1500, ou Cabral, em abril do mesmo ano?
Se foi o astrônomo Duarte Pacheco Pereira, o feito é português e a comemoração é marajoara – proeza a ser burilada em cerâmica, na reserva de búfalos e rios. O testemunho está no próprio livro do geógrafo e navegador lusitano, homem de confiança de D. Manuel, Esmeraldo de Situ Orbis, que quer dizer “O Tratado dos Novos Lugares da Terra, por Manuel e Duarte”.
Se foi o navegador espanhol Vicente Yañez Pinzón, o show pirotécnico deve ser ali no Cabo de Santo Agostinho, cuja comemoração foi em janeiro de 2000, quando ilustres espanhóis de Palos de la Frontera e cabenses se afagaram peito a peito e via Internet, ora no município pernambucano, ora na cidade andaluz.
Se foi o legendário Senhor de Belmonte, Pedro Álvares Cabral, embora, hoje, já não estejamos tão seguros, o espoucar do champagne é em Porto Seguro. O festejo é baiano, temperado com pimenta malagueta, Iemanjá e Jorge Amado. A decalcomania é a do descobridor de barbaça alvinitente e flórea.
No entanto, já não interessa quem descobriu, mas quem descobrirá o Brasil. O Brasil do Brasil, hoje neocolonizado pela ganância e sagacidade ianque. Um Brasil que fiscalize suas fronteiras, alimente-se da fotossíntese prodigalizada pelo céu escampo e o solo pátrio, e eduque as gerações vindouras. Não um Brasil subserviente, genuflexo aos interesses do FMI, ora “americanalhado”, dançando o macabro rock’n’roll da agiotagem que vem do Norte, ora espanholado, como um touro abatido numa arena madrilenha. Quem sabe alemão, japonês, ou holandês on-line? Sosígenes Bittencourt

2 comments:

Anonymous said...

Matéria totalmente espetacular! E a expressão "americanalhado", nem se fala, estupidamente ilária.

Sosígenes Bittencourt said...

Aliás, não interessa quem descobriu, mas quem descobrirá o Brasil.