No dicionário, apelidado de pai-dos-burros, elite significa “o que há de melhor numa sociedade ou num grupo, nata, flor, fina flor, escol”. Já do ponto de vista sociológico, o compêndio lexicográfico adverte: “minoria privilegiada e dominante no grupo, constituída de indivíduos mais aptos e/ou mais poderosos”. Parafraseando o melancólico e espalhafatoso Flávio Cavalcanti, “a mim me parece” que Tropa de Elite, por definição, seria “minoria dominante no grupo, constituída de indivíduos poderosos”, ou seja, como essa récua de indivíduos inaptos e assassinos não se identifica com absolutamente nada de fino, seria melhor chamá-la de “tropa de ralé”. Uma escória de paletó e gravata que ostenta a bravata de justiceira, eliminando marginais, à margem da lei, com o beneplácito da sociedade. Tadinha da sociedade, pois coitado do animal que for confundido com um rico por um marginal, ou com um bandido por um falso policial. É corredor polonês. De um lado, os marginais marginalizados, do outro, os marginais marginalizáveis. Parece que a sociedade está apelando para aquele conceito de razão que foge totalmente à ética. Se a ética é uma imperativa necessidade do modo de vida civilizado, elencada em ditames, mas não está sendo observada, cada um cuide de si que é tempo de murici. Quer dizer, se não há nenhuma perspectiva de segurança patrocinada pelo estado, é preciso que cada um busque sua própria segurança. Embora fugindo à ética, não seria racional enfrentar bandido, desarmado, sem pontaria e com carinho. No mais, é apelar para não estar no lugar e no momento errado. Bandido é bandido. Da elite, ou da ralé, é nervoso, assustado e confuso. São tropas de criminosos que matam por desfastio, por emoção, como se estivessem tentando quebrar a monotonia. Aliás, o homem deve achar a paz chata, por isso inventou a guerra, que é mais movimentada.
Sosígenes Bittencourt
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