No poema Serrita Rancheira, de Adjane Costa Dutra, em Um Pássaro além do Infinito, p. 33, logo à primeira vista, ou melhor, à primeira audição notamos que o som contribui muito para a estrutura do todo, o poema se apresenta numa estrofe de 16 versos. Rico em anáforas, aliterações, assonâncias e rimas, revela sutileza no aproveitamento dos valores que se insinuam espontaneamente como ressonância da própria estrutura fraseológica. Baseados em Grammont, Traité de Phonétique, 1949, pp. 377/78, poderíamos afirmar que a acumulação sonora constitui no poema abaixo transcrito uma construção de expressividade simbólica em que os sons tentam sugerir subjetivamente idéias ou sentimentos da poetiza. Anote-se o efeito resultante das anáforas, aliterações, ressonâncias e rimas:
“Serra o pranto dessa Serra.
Vara o espaço serrador,
Serra das Russas,
Morte dos ruminantes.
Serra o peito dessa terra,
Pra não mais noite matar.
Serra a flor que se encantou na divisa do amor.
Serra a estrela que reluz teu brilho na cor da luz.
Serrita, serra a minha divisa estrela,
A noite que vem soluçar,
A lâmpada acessa no deserto,
Clareia a serra,
Serrita rancheira.
Serra o peito dessa terra,
Pra não mais noite matar.
Serra a flor que se encantou na divisa do amor.”
Com os vocábulos, a poetiza imprime ao poema o lampejo de sua imaginação criadora. O valor secreto dos fonemas é aproveitado quer como matiz sonoro que imprime realce à frase, quer como elemento de sugestão que a enriquece. Do ponto de vista estilístico, a motivação sonora justifica os valores sônicos aderido às palavras do poema. Esses valores se sobressaem pela sonoridade e sobretudo pelo inusitado de seu emprego. As formações e as características fônico-lingüísticas encontradas em toda a estrofe enriquecem a obra em sua totalidade com o material próprio trabalhado e com a qualidade do valor estético.
Clementina Lapenda, Recife, 29.04.1988
(Adjane Costa Dutra é poetisa vitoriense.)
“Serra o pranto dessa Serra.
Vara o espaço serrador,
Serra das Russas,
Morte dos ruminantes.
Serra o peito dessa terra,
Pra não mais noite matar.
Serra a flor que se encantou na divisa do amor.
Serra a estrela que reluz teu brilho na cor da luz.
Serrita, serra a minha divisa estrela,
A noite que vem soluçar,
A lâmpada acessa no deserto,
Clareia a serra,
Serrita rancheira.
Serra o peito dessa terra,
Pra não mais noite matar.
Serra a flor que se encantou na divisa do amor.”
Com os vocábulos, a poetiza imprime ao poema o lampejo de sua imaginação criadora. O valor secreto dos fonemas é aproveitado quer como matiz sonoro que imprime realce à frase, quer como elemento de sugestão que a enriquece. Do ponto de vista estilístico, a motivação sonora justifica os valores sônicos aderido às palavras do poema. Esses valores se sobressaem pela sonoridade e sobretudo pelo inusitado de seu emprego. As formações e as características fônico-lingüísticas encontradas em toda a estrofe enriquecem a obra em sua totalidade com o material próprio trabalhado e com a qualidade do valor estético.
Clementina Lapenda, Recife, 29.04.1988
(Adjane Costa Dutra é poetisa vitoriense.)
4 comments:
É um poema carregado de características do "Simbolismo"; realmente há uma repetição fonêmica no texto. A poetiza enquadra-se na lista dos nefelibatas.
Excelente comentário do estudante de Letras e também poeta Eridelson José.
Amo essa coluna! Aqui, o belo é exaltado...
Poeta Eridelson, parabéns! Você fez a escolha certa.
Um forte abraço!
A poesia é uma forma de valorização do idioma, é a mais sublime expresão da língua pátria.
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