O tabagismo é
um vício condenado. Antigamente, 60 % da população adulta fumava. Queriam
imitar o ator norte-americano Humphrey Bogart (pronuncie-se ‘ramfrêi
bôgaaaaaar’). Eram um charme aquelas baforadas hollywoodiana protagonizadas
pelo artista na película cinematográfica. O adolescente, para ser um hominho,
saía do cinema todo invocado, pendurado no canudinho da morte. Havia uns
cigarros fortíssimos, sem filtro, apelidados de lasca-peito. Lembro-me, por
exemplo, de Astória, Eldorado e Continental. A garotada colecionava papel de
cigarro para brincar de dinheiro. Tudo organizado para converter o desavisado
em tabagista. Ninguém ouvia falar em câncer do pulmão, garganta, nicotina, e
alcatrão era nome de conhaque. Só era proibido fumar na frente da genitora,
senão levava tapa na boca. Havia uns cigarros americanos cheirosíssimos, tipo
Half and Half, Malboro, Pall Mal, era arretado. Três décadas depois, começaram
a aparecer as complicações cardíacas e pulmonares. Dispneia é uma desgraça. Tem
uma, chamada Dispneia Paroxística Noturna, que o cara acorda sufocado e
senta-se na cama, com os olhos esbugalhados, parecendo que vislumbrou a morte.
Hoje, depois das propagandas sobre os malefícios do tabaco, cerca de apenas 20%
vive pendurado na chupeta do Satanás. E, agora, depois que espalharam que quem
convive com fumante, também fuma, danou-se. O viciado tem que sair do ambiente
e ficar passeando na calçada, feito um expulso a bem da saúde e dos bons
costumes. Tem mulher que não beija um fumante nem para salvar a alma. Uma
senhora me contou que, depois que deixou de fumar, nunca mais beijou o marido.
E ele trocou os seus carinhos pelo vício. Consequência: morreu asfixiado, com a
boca amarga e sem os doces beijos da mulher amada. É muita amargura, o cara
abandonar a boca da esposa, cheirosinha a pasta de dente, na luxúria matinal,
para estar se envenenando lentamente e soltando gracinha. “Eu não tenho pressa
para morrer.” Contam que o
cigarro tem uma porrada de susbstância cancerígena à disposição da morte. O que
se sabe, em resumo, é que a Nicotina amarra o fumante e o resto da química mata.
O pulmão que o diga. Sosígenes
Bittencourt
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