A invenção de cotas raciais
Essa questão de cotas raciais é uma postura mais de natureza política do que outra coisa. Porque a grande causa do fracasso de negros em concursos públicos e nos vestibulares é a educação de má qualidade. Por quê. Sobretudo porque são pobres. Ora, se você cria cotas para os negros pobres, onde ficariam os brancos pobres? A questão me parece não ser relativa à cor, mas relativa à acessibilidade ao ensino de qualidade. E essa é uma responsabilidade do Estado. A artimanha política é criar sistema de cotas para negros para angariar simpatia da população negra, que é a maioria. Se você for indagar os próprios negros, eles acharão que esse sistema de cotas é uma forma de discriminação. Por exemplo, aquele negro que opta pelo sistema de cotas já denuncia sua incapacidade de disputar num outro tipo de sistema. Ademais, você para instituir um sistema de cotas terá que, obviamente, saber se aquele negro deve ter acesso a um ensino de qualidade, ou não. A pergunta é a seguinte: por que não se cria sistema de cotas para brancos? Há brancos pobres que não têm acesso a ensino competente. Portanto, o grande empecilho não deve ser encarado como a cor, mas como a deficiência no ensino público, que não oferece iguais condições de competitividade entre as classes sociais. O estado não investe, nesta área, como deveria. Por isso, os melhores professores vão para as escolas particulares e fogem das escolas públicas. O discurso é de que educação é prioridade, mas nunca foi, é falácia. É "tertulia flacida ad bovinum adormentarem", ou seja, conversa mole pra boi dormir.Também seria bom frisar que igualdade, nos termos políticos em que se coloca, para galvanizar popularidade, é engodo, um mito, fundado pela Revolução Francesa. Ela nunca existirá. As pessoas, por si mesmas, estabelecem desigualdades. Porque, paralelamente, depende do empenho de cada um, de talento, de competência. Mesma condição não significa mesmo resultado. (Publicado em 27/11/2011)
Sosígenes Bittencourt
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