Tuesday, March 19, 2013

Abecedário

Cada ser humano aprende uma coisa, vem com uma munganga, uma inclinação. Conheci um matuto que dizia que só aprendeu as 4 peças de conta: juntar, tirar, aumentar e repartir. Referia-se às 4 Operações Aritméticas. Já tem gente que gosta de saber o que é que tem dentro do homem, aí vai fazer Medicina. Eu ficava abismado com as letras. Por exemplo:

O A parecia um par de pernas arqueadas.

O B, uma mulher grávida.

O C me lembrava uma ferradura: às vezes, uma lua.

O D me lembrava um algarismo romano, sisudo como um Cardeal.

O E me sugeria um tridente.

O F era todinho uma seta apontando.

O G parecia um pilar.

H era um trampolim pra se balançar.

O I, enfermo, cadavérico como um tuberculoso.

O J parecia uma sereia.

O L lembrava um canto de parede. Chega dava preguiça.

O M era um aracnídeo.

O N, um zigue-zague.

O O dava pra ser do orbe terráqueo ao esfíncter anal.

O P parecia um estandarte.

O Q, um bichano, de costas.

O R parecia uma postura, um exercício físico.

O S, um chicote.

O T era, tranqüilo, um martelo; às vezes, um poste.

O U me lembrava um jarro.

O V, o gesto de erguer os braços.

O X, a suástica, a cruz gamada.

O Z parecia um raio.

Ainda tinha o W, que me lembrava um castiçal,

e o Y, que era escritinho uma mulher.

Sosígenes Bittencourt

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