Estou irremediavelmente apaixonado por Aisha, a
menina de dona Delzuite, do Morro do Alemão. Não tem São Jorge que me salve.
Apaixonar-se por alguém do seu bairro, pessoa que cruza seu
caminho, que você pode lançar um galanteio, um olhar, pegar na
mão, é uma coisa, mas uma personagem tão distante, tão intangível, é coisa de
poeta.
Minha vida virou uma novela. Para onde me viro, de
olhos abertos ou em sonho, vejo Aisha. Que menina tonta, com aquele cabelinho
curtinho, aquele olhar espantado de quem viu um fantasma. E eu, aqui no
interior, longe das câmeras, nessa vida monótona, enfrentando a incompreensão
do povo, apaixonado por Aisha.
E agora, que faço eu então? Pego um avião, enguiço
as montanhas, me arrisco sobre o mar e me dano no mundo? Ou fico quieto,
enroscado no meu canto, esperando a dor passar? Talvez, grite para o meu
coração: Meu reino por Aisha! Minha vida por um beijo! - e desabe no chão.
Talvez, telefone para Solange Badim e pergunte por Dani Moreno. Porque a vida
sem paixão, sem medo, é um tédio.
Não, eu não quero a depressão de nada sentir, a
sensação de que o tempo petrificou-se. Quero mais esse prazer insano de me
sentir sequestrado por Dani Moreno. Meu Reino por Aisha!
Sosígenes Bittencourt
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