Para quem está tristonho e não tem a quem dar presente no Dia
dos Namorados, um protesto, desencadeado no Rio e em São Paulo: Movimento dos
Sem Namorados.
Na realidade, esse movimento só tem um sentido: movimentar desocupados. Chamar-se-ia, com muita propriedade,
Movimento dos Sem Ter o que Fazer.
Num país onde tudo conspira
contra o núcleo familiar, movimento para arranjar namorado, sob a alegação de
que ninguém quer nada sério com ninguém, não tem lá muito sentido. Quer dizer,
é vontade de namorar, com perspectiva de encontrar o amor e selar casamento.
Namoro sério, hoje em dia,
parece ser coisa do tempo do ronca. Obrigação de amar e se casar é uma invenção
histórica do CONSUMISMO, fantasiada pela mídia. Associa-se amor e casamento a
FELICIDADE. Ledo engano. Às vezes, o inferno é exatamente essa junção. Não que
alguém não possa amar e ser feliz no casamento, mas para ser feliz ninguém tem
que necessariamente amar alguém e muito menos se casar. Lembra-me uma conhecida
máxima: O amor é como a morte, não se procura, espera-se.
Depois, arrumar namorado em
grupo, erguendo faixas e reclamando da solidão é meio confuso. Namoro nasce
espontaneamente, quando menos se espera. Era melhor que se reunissem pra
conversar e fazer rodízio para saber quem daria certo com quem.
Sosígenes Bittencourt