Eu
não consigo torcer contra o Brasil. Há um país que vive em mim, livre de
qualquer influência que o desfaça.
Uma gestão governamental é muito pouco para eu perder o
amor a minha Pátria. Faz 58 anos que eu fui dado à luz.
Reprovar um político e transformar este ódio em desamor
à Pátria é um gigantesco equívoco. Observemos a sapientíssima reflexão do
jurisconsulto doutor Rui Barbosa:
"A pátria não é ninguém, são todos; e cada qual tem no seio dela o mesmo direito à ideia, à palavra, à associação. A pátria não é um sistema, nem uma seita, nem um monopólio, nem uma forma de governo; é o céu, o solo, o povo, a tradição, a consciência, o lar, o berço dos filhos e o túmulo dos antepassados, a comunhão da lei, da língua e da liberdade. "
Ora, como poderei odiar minha pátria porque um regime ou um governante não me agrada? O que tem a ver a pátria que vive em mim, o seu céu, o seu solo, suas riquezas naturais, meus antepassados e meus filhos com tudo isso?
"A pátria não é ninguém, são todos; e cada qual tem no seio dela o mesmo direito à ideia, à palavra, à associação. A pátria não é um sistema, nem uma seita, nem um monopólio, nem uma forma de governo; é o céu, o solo, o povo, a tradição, a consciência, o lar, o berço dos filhos e o túmulo dos antepassados, a comunhão da lei, da língua e da liberdade. "
Ora, como poderei odiar minha pátria porque um regime ou um governante não me agrada? O que tem a ver a pátria que vive em mim, o seu céu, o seu solo, suas riquezas naturais, meus antepassados e meus filhos com tudo isso?
Sosígenes Bittencourt
6 comments:
Não há nada mais emocionante do que a SIMPLIFICAÇÃO, a DESCOMPLICAÇÃO, a capacidade de LIQUIDIFICAR o conhecimento para que as pessoas possam digerir o seu conteúdo. Esse dom deve distinguir o professor.
Deixa eu dar um exemplo do que significa um país que vive em mim. Se eu estiver andando por uma viela numa cubata africana às 9 horas do dia e sentir um cheiro de feijão no fogo, eu sinto o Brasil. Sentimento é dentro, esteja onde você estiver. A memória olfativa me faz sentir o Brasil.
Eu sinto o Brasil no Brasil. Por exemplo, eu sinto o Brasil, todas as tardes, quando o vento me traz o cheiro de pão francês manufaturado na padaria da esquina. E eu rejeito qualquer psicólogo que queira me curar desta prazerosa loucura. O escritor francês Gustave Flaubert (1821-1880) já advertia: Cuidado com a tristeza. Tristeza é vício.
A questão é que muitos revoltados com a Copa do Mundo vão ficar sem opção e votar em políticos que aprovaram a Copa do Mundo. Os políticos mudam de máscara, mas o rosto é o mesmo. Eu não posso, por isso, fantasiar o meu filho de argentino e pedir que torça contra o Brasil. Eu não devo perguntar que país vou deixar para o meu filho, mas que filho vou deixar para o país. Eu não posso desertificar o sonho da vitória nem fundar desilusões, porque seria como sepultar a esperança.
A questão é que muitos revoltados com a Copa do Mundo vão ficar sem opção e votar em políticos que aprovaram a Copa do Mundo. Os políticos mudam de máscara, mas o rosto é o mesmo. Eu não posso, por isso, fantasiar o meu filho de argentino e pedir que torça contra o Brasil. Eu não devo perguntar que país vou deixar para o meu filho, mas que filho vou deixar para o país. Eu não posso desertificar o sonho da vitória nem fundar desilusões, porque seria como sepultar a esperança.
O homem nasceu para ser derrotado, não para ser vencido. Eu não fui derrotado pelos meus inimigos, fui derrotado pelos meus traidores. Contudo, não fui vencido por ninguém. Portanto, eis-me, caminhando, com a proa visionário voltada para a luz. Já dizia o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade: A dor é inevitável. O sofrimento é opcional.
Post a Comment