(Poeminha vesperal com uma menina bonitinha)
Ontem, eu fui ver o sol se pôr lá na serra.
E eu namorando...
Minha avó Celina dizia que o anoitecer é a hora da saudade.
E eu namorando...
A garçonete era Celina também.
E eu namorando...
Faz mais de meio século que fui dado à luz.
E eu namorando...
Desde então inspiro o ar e me inspiro com a luz.
E eu namorando
Minha amiga era tão bonitinha que juntou gente.
E eu namorando...
Tomamos whisky com salamito italiano.
E eu namorando...
A tarde foi se apagando e um lençol de estrelas forrou o infinito.
E eu namorando...
Eu não digo o nome dela pra ela não arengar comigo.
E eu namorando...
Botei pra contar história, e a macacada sorrindo.
E eu namorando...
A minha primeira namorada, eu tinha 9 anos.
E eu namorando...
Ela me ensinou pecados que eu não posso revelar.
E eu namorando...
A parteira foi comadre Emília. Hoje, é nome de rua.
E eu namorando...
Um dia minha mãe pensou que eu estava mentindo,
e eu fazia poesia.
E eu namorando...
Minha cartilha de sexo foi um livro azul do ginecologista Fritz Kahn.
E eu namorando...
Chegaram algumas meninas, o bando se dispersou.
E eu namorando...
Minha amiga me botou no colo e me levou para casa.
E eu namorando...
Eu não me casei ainda por causa das outras.
E eu namorando...
Mais vale um prazer do que cem contos de réis.
E eu namorando...
Quando acordei, estava dormindo.
E eu namorando...
Sosígenes Bittencourt
1 comment:
Quando me perguntam por que eu ainda não me casei, logo respondo: - Por causa das outras. Caso com uma? E as outras?
O poeta Mário Lago já dizia: Eu não tive todas as mulheres que eu quis, mas tive todas que me quiseram.
Você tem toda liberdade de dizer a uma mulher que não quer casar com ela, você só não deve abusar da liberdade de enganá-la. Quem mente, rouba, e aí você estará cometendo um crime. E se nada lhe for perguntado, é melhor manter cem mulheres sonhando do que transformar a vida de uma num pesadelo.
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