Monday, August 01, 2011

O sono da razão - I

Goya: "O sono da razão produz monstros"
Sejamos humildes. Eu não poderia deixar de registrar, no meu blog, essa interpretação de Sérgio Paulo Rouanet do quadro do pintor Francisco de Goya. Boa leitura!

“A coruja tirânica que quer impor sua vontade ao artista é a razão narcísica do hiper-racionalismo. Os morcegos são as larvas e os fantasmas do irracionalismo. Dois animais deficitários, truncados. O morcego tem uma audição aguda, mas é cego. A coruja enxerga de noite, mas não de dia. Falta um terceiro animal na zoologia de Goya, mais completo. Não, não falta. Ele está no canto direito, enorme, olhando fixamente o espectador. É um gato. O gato ouve tudo e tem uma visão diurna e noturna. Sabe dormir e sabe estar acordado. E sabe relacionar-se com o Outro, sem arrogância, ao contrário do seu primo selvagem, o tigre, e sem servilismo, ao contrário do seu inimigo doméstico, o cão. É a perfeita alegoria da razão dialógica, da razão que despertou do seu sonho, é atenta a todos os sons e todas as imagens, tanto do mundo de vigília como do mundo onírico, e conversa democraticamente com todas as figuras do Outro, sem insolência e sem humildade.”

Filosófico abraço!

Sosígenes Bittencourt

3 comments:

Anonymous said...

Pelo visto a racionalidade e a loucura têm os seus limites. Em relação aos animais, o gato é um animal privilegiado e inteligente. Consegue ser atento e sossegado sem perder o equilíbrio. Felino filosofal abraço. de e a loucura têm os seus limites. Em relação aos animais, o gato é um animal privilegiado e inteligente. Consegue ser atento e sossegado sem perder o equilíbrio. Felino filosofal abraço.

Anonymous said...

Pelo visto a racionalidade e a loucura têm os seus limites. Em relação aos animais, o gato é um animal privilegiado e inteligente. Consegue ser atento e sossegado sem perder o equilíbrio. Felino filosofal abraço.

Sosígenes Bittencourt said...

O sono da razão produz a realidade em toda sua crueza, por isso produz as monstruosidades daquilo que nos causa indignação e medo. É o contrário do sono da paixão que tudo pode, porque não está atrelado à realidade, pode produzir maravilhas, sonhos que nos desafogam do cotidiano.
Passional abraço!