As
palmadas estão na berlinda. Antigamente, menino apanhava, mas não morria no pau. Nunca vi pai
matando filho, nem estuprando, engravidando filha, como hoje. A radicalização da medida que proíbe palmada em criança deve advir da
violência perpetrada contra menor, sobejamente divulgada no dia a dia da mídia nacional. Nos idos, menino levava palmada, adolescente tomava lapada de cinturão, mas não me lembro de nenhum
infanticídio. Aliás, crimes, perpetrados há
40 anos na cidade, contam-se nos dedos. Talvez, porque a população fosse pequena e o jornalismo não desse a
cobertura, em tempo real, como agora. Mas, baseando-se na rotina, o adulto de hoje não tem moral para bater em menino, não merece confiança. Qualquer um é
suspeito. Tanto que virou
esquizofrenia coletiva. Você não pode se acocorar para dar um caramelo a uma criança.
Na cidade de Pinheiros, no Maranhão, um preso foi decapitado pelos carrascos de estimação porque teve uma ninhada de filhos com a própria filha. Por outro lado, a mulherada arruma estuprador como padrasto e, depois de 5 anos, fica dizendo que não sabia. Essa medida deve ser um castigo para os adultos, para o seu péssimo comportamento. Há mais de meio século, na minha cidade, uma professora botou o filho do prefeito, na calçada da escola, com uma banca na cabeça, e o pai achou normal. Ainda deu-lhe um corretivo em casa. O resultado poderia ter sido desastroso, mas o menino deu pra gente. Hoje, uma professora dá uma nota baixa a um aluno e tem a cara arranhada e os braços fraturados. Significa dizer que os adultos perderam a força moral nos exemplos do cotidiano. São políticos sacanas, televisão pornográfica, consumismo desenfreado, supervalorização do TER sobre o SER, impunidade, tudo exibido exaustivamente aos olhos pidões da meninada. Depois, exige-se respeito. O adolescente de hoje é resultado do adulto de hoje, do mundo de hoje. A televisão, por exemplo, sexualiza a adolescência e escandaliza com a consequência. Quer dizer, lucra dos dois lados. São beijos de desentupir pia, virilhas se encontrando. Ninguém aguenta.
Em resumo, não existe palmada educativa. Nenhum ser humano será anjo, ou demônio, porque tomou, ou deixou de tomar palmadas. Entre um pai e um filho, há um abismo imenso, como entre um marido e uma esposa, um patrão e um empregado. Portanto, palmada pode, perfeitamente, ser considerada agressão física. Ora, se um homem não pode bater numa mulher pela disparidade física, por que um adulto poderia bater numa criança? Quando um homem bate numa mulher, sempre acha que tem razão. Quando um pai bate num filho, sempre acha que tem razão. Arvoram-se em juízes. Mas, será que as vítimas acham que merecem apanhar? Ou reagiriam, se pudessem? Não seria o caso de analisar as razões do ódio, já que o ódio jamais será extirpado do coração humano? Impõe-se uma indagação: por que será que os índios não batem em criança?
Polêmico abraço!
Sosígenes Bittencourt