Sunday, December 11, 2011

O abismo da paixão

É difícil acreditar que Jadielson e Silvânia se atiraram no abismo, de mãos dadas, numa versão shakespeareana de Romeu e Julieta. É mais provável que Jadielson tenha arrastado Silvânia para morrer consigo, o que caracterizaria homicídio e suicídio no mesmo salto. Parece um caso típico de paixão. Dois apaixonados que não conseguiam se desvencilhar dos grilhões da loucura e seguirem em paz. O filósofo alemão Nietzsche dizia que “Há sempre um pouco de loucura no amor, mas há sempre um pouco de razão na loucura.” No fundo, eles, talvez, tivessem razão. Não dava mais para viver. O detalhe é que Silvânia preferia viver sofrendo a perder a vida, e Jadielson não aguentava mais tanta agonia. Era paixão em mão dupla.
O que fora fazer Silvânia, já separada, na Serra das Russas, justamente com Jadielson, sabedora do desespero do ex-marido? É que o apaixonado é sempre um assujeitado, um submetido, ele não tem forças para a paixão. Estavam escravizados por um sentimento sem norte, sem direção, sem noção de causa e efeito. Juntos, se desentendiam; separados, sentiam saudade. Um era a droga do outro, bem descrito nos versos:
Meu vício é você! / Meu cigarro é você! / Eu te bebo, eu te fumo / Meu erro maior / Eu aceito, eu assumo / Por mais que eu não queira / Eu só quero você...
Um desejo, não pelo prazer, mas pelo objeto. Porque prazer que dói se resume em sofrimento. Jadielson e Silvânia morreram na Serra, dando sequência ao abismo em que se atiraram. Andavam abismados.

Desesperado abraço!
Sosígenes Bittencourt

2 comments:

silvio de cidade de deus said...

ACHO QUE FOI UMA TREMENDA LOUCURA AMOR QUE MATA PARA MI NÃO E AMOR E UMA DOENÇA QUE PRECISA TRATAMENTO .O VERDADEIRO AMOR SEMPRE QUE VER O BEM ESTAR DAQUELE A QUEM AMAMOS ENTÃO ACREDITO EU QUE NO MEIO DO SALTO PARA MORTE ELES JÁ ESTAVA ARREPENDIDO SÓ QUE JÁ ERA TARDE DEMAIS ASSIM CAMINHA BOA PARTE DA SOCIEDADE SEM TEMOR A DEUS E SEM PAZ DE ESPIRITO SILENCIOSO ABRAÇO

Sosígenes Bittencourt said...

O primeiro passo para você solucionar um problema é QUERER SOLUCIONAR; o segundo é PROCURAR AJUDA, e o terceiro é SUBMETER-SE AO TRATAMENTO. Tenho dito, em minhas palestras, que ninguém pode extrair uma paixão como se extrai um dente, mas é preciso procurar entendê-la. É preciso pensar naquilo que se sente, pensar naquilo que se faz, pensar naquilo que se pensa.
Filosófico abraço!