Thursday, May 31, 2012

Faleceu dona Zefinha Menezes

(LEMBRANÇA)

A última proprietária de bar do velho cabaré de Vitória (PE), dona Zefinha Menezes, fazia aniversário no dia de Nossa Senhora da Conceição. Completando 90 verões, uma vez que aqui não faz primavera, fomos comemorar a data em Mané Peixe, na Av. 15 de Novembro. No restaurante, Paulo Lavoura, Eraldo Boy e eu éramos as celebridades de uma mesma geração. Só faltou o garçon Fritz, que está com Jesus.
Nascidos na década de 50, começamos a frequentar o cabaré, lá pelos mil novecentos e sessenta e alguma coisa.
Dona Zefinha ficou famosa pelo feijão verde com carne de sol na brasa que nos servia, desde a hora do almoço até a madrugada. A cerveja era geladíssima, fermentada, e a música era, de The Fevers a Roberto Carlos, passando por Nelson Gonçalves, Núbia Lafayete e Ângela Maria. As mulheres usavam pó compacto, tinham educação e nos banhavam depois do amor.
Nossa homenageada, nonagenária, estava contente. Tomou umas talagadas de Whisky, recebeu presentes e pediu que Deus nos abençoasse. Contou que era feliz porque fez tudo que gostava na vida. Trabalhou, amou, passeou muito, por isso envelhecia sem graves problemas psíquicos ou de natureza física, além dos achaques naturais da velhice.
Em breve discurso, arranquei aplausos para aquela época, chamando-a de tempo de paz. Comida saudável, música bonita, mulheres femininas e ruas tranquilas para o livre trânsito dos mortais. Salientei que dona Zefinha impunha mais respeito no seu bar, na Zona de Baixo Meretrício, do que os diretores nas Escolas Públicas hoje em dia. Foi um verdadeiro espetáculo!
Requiescat in pace!
Sosígenes Bittencourt

3 comments:

Dryton Bandeira said...

Que D. Zefinha requiescat in pace. Roguemos ao Senhor!!!

Sosígenes Bittencourt said...

Entreguemo-la ao Juízo Final!

bayma5@ig.com.br said...

Prezado amigo Sosígenes; Feliz Ano de 2013 prá vc e toda família! Quando num esforço lascado vejo-me concluindo o texto "Visitas ao quarto das mulheres nuas" um romance-ensaio,coisa autobiográfica, que é prá tá com o pé no chão no realismo das minhas exatas vivências! É sôbre, justamente, o "fim", entre outros coisas, da camaradagem, da solidariedade humana, mesmo entre quengas/quengos - aí, vc me trás essa "memória"; e sei de quem se tratou, sim! A falecida, que Deus a tenha.Mas, ainda que ñ fosse o meu copo, em tal descrição que o amigo fez,para a minha sensibilidade(só agora passando a compreender-me melhor) teria eu aprendido mais, certamente, e de uma Paula que aparecia - "...avultava,(em sedução) subindo a ladeira..." tá lembrado? A minha teoria é a de que onde há esse sentimento acolhedor, e de Paz - dar-se-a até de Graça o encontro de almas - por outro lado a questão é que esses meninos, como certos Diretores de escola, vivem como se o tostão da vida valesse a ausadia dos veleiros que cruzaram os mares quase sem destinos!! Só vc, e poucos, conseguem realizar reflexões politicamente corretas ainda que filosóficas na contradição do atavismo dos instintos que demanda a moral ou imoralidade - mas, essa é a condição humana, por tanto de todos nós - quem é mais homem ou mulher para assanhar-se em julgamento raso, o outro? Eles nem sabe o quanto deve ser bom, depois do amor - esse amor te banhar... que maravilha!! Um abraço do amigo.