Um dia,
eu conheci uma morena amamentando uma menininha. Era uma moça pobre, com cara
de indígena, os olhos amendoados, o cabelo derramando-se em volta do rosto,
rolando pelo pescoço. Era todinha uma índia, os seios sacolejando por trás da
blusa, desprovidos de corpete. Eu só me lembrava dos irmãos Villas-Boas, dos
acessos de malária, cara pintada, milho e mandioca.
Todavia,
para conquistar mãe solteira, é preciso um certo talento, um certo jeito e muita paciência. Eu via aquela menininha que
parecia uma indiazinha, nos braços daquela morena avermelhada, sugando-lhe as
tetas com tanta ternura; ela, calada, olhando para dentro de si mesma. Ficava
meio enxerido, querendo participar daquilo que não me pertencia.
Foi, foi, foi, um dia, devagarinho, movido
pela ajuda, todo cuidadoso, peguei a menininha nos braços. A menininha pousou o
cocãozinho no meu ombro, toda vazia da figura paterna, deu um suspiro e
adormeceu. Juro que senti vontade de chorar, mas a alegria conteve minha
lamúria. Fiquei todo invocado, parecendo que havia recebido um presente. Os
olhos da moça brilharam, as escleróticas se umedeceram.
Aí, eu fui pegando gosto, botando a menininha no meu coração. Quando você bota filho de mãe solteira no coração, ela começa a se aproximar do seu coração. De sorte que, toda vez que a moça via a menininha aconchegada, começava a sentir frio. Estava criada a melhor receita para conquistar mãe solteira.
Sosígenes Bittencourt
Aí, eu fui pegando gosto, botando a menininha no meu coração. Quando você bota filho de mãe solteira no coração, ela começa a se aproximar do seu coração. De sorte que, toda vez que a moça via a menininha aconchegada, começava a sentir frio. Estava criada a melhor receita para conquistar mãe solteira.
Sosígenes Bittencourt
1 comment:
Guarde o filho daquela mãe solteira que você tanto deseja, dentro do seu coração, e, toda vez que ela quiser encontrá-lo, baterá na porta do seu coração.
O tema é delicado e aparentemente controverso, mas coração de mãe não se confunde. Quando uma criança sai prejudicada, numa relação a dois, a mãe é coautora do crime.
O grande perigo de um filho sem pai, é sua mãe se apaixonar por alguém que não a ame. A paixão relega tudo a segundo plano, inclusive o próprio filho. Embora não seja algo totalmente destituído de RAZÃO, a mãe sabe que está errada, porém não tem controle sobre a EMOÇÃO.
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