No
tempo de eu menino
Dentre
as figuras lendárias e bizarras das quais tive notícias e algumas conheci, em
Vitória de Santo Antão, espero que alguém relembre MANÉ CAPÃO, MÃO DE ONÇA,
CAFINFIM, PAPA-RAMA, DIDI DA BICICLETA, BIU LAXIXA E O CORCUNDA ANÍBAL.
MANÉ
CAPÃO tinha os trejeitos de um primata. Haja vista que andava de pernas
arqueadas, pendendo para os lados, erguendo a cabeça e fazendo bico com a
beiçola. Às vaias e insultos que recebia, respondia
na pedrada. Não é preciso dizer que lascou cabeça de gente, estilhaçou vidraças
e botou muito sujeito pra correr. Recordemo-lo. Penso que quem o insultava era
pior que ele.
MÃO DE ONÇA nunca deu um soco num atrevido
para não vê-lo estatelado no chão.
PAPA-RAMA brigava com 4, na braçada. Parecia
um viking.
DIDI DA BICICLETA tinha o corpo fechado,
porque a caixa dos peitos era rendada de tiros sem ter baixado à sepultura.
CAFINFIM dava óleo queimado para os presos beberem,
e BIU LAXIXA era tão doido que, quando corria na frente, ninguém corria atrás.
E ainda tinha FERRO, um negão que dava beliscão em
menino.
Não sei quem se lembra, mas eu conheci a
figura cinematográfica do CORCUNDA ANÍBAL. Andava pelas ruas resmungando e
exalando um nauseante aroma de pão e banana, como se fosse um personagem de
filme de terror. Aníbal tinha o hábito de apalpar o seio das mulheres, o que o
tornava mais apavorante. Não sei do que morreu nem exatamente quando, o que lhe
empresta uma feição misteriosa e hugoana, à la O Corcunda de Notre Dame.
Sosígenes Bittencourt