Manhã de sábado. O celular toca:
- Está onde, professor?
- Viajando, minha filha.
- Viajando onde?
- Em minha casa.
- E sua casa anda?
- Não, estou lendo Manuel Bandeira.
- E o senhor viaja, quando lê, é?
- Tem gente que viaja cheirando loló.
- Então leia pra mim.
- Veja essa, por exemplo:
BRISA
Vamos viver no Nordeste, Anarina.
Deixarei aqui meus amigos, meus livros, minhas riquezas, minha vergonha.
Deixarás aqui tua filha, tua avó, teu marido, teu amante.
Aqui faz muito calor.
No Nordeste faz calor também.
Mas lá tem brisa:
Vamos viver de brisa, Anarina.
Forte abraço!
Sosígenes Bittencourt
- Está onde, professor?
- Viajando, minha filha.
- Viajando onde?
- Em minha casa.
- E sua casa anda?
- Não, estou lendo Manuel Bandeira.
- E o senhor viaja, quando lê, é?
- Tem gente que viaja cheirando loló.
- Então leia pra mim.
- Veja essa, por exemplo:
BRISA
Vamos viver no Nordeste, Anarina.
Deixarei aqui meus amigos, meus livros, minhas riquezas, minha vergonha.
Deixarás aqui tua filha, tua avó, teu marido, teu amante.
Aqui faz muito calor.
No Nordeste faz calor também.
Mas lá tem brisa:
Vamos viver de brisa, Anarina.
Forte abraço!
Sosígenes Bittencourt
4 comments:
Uma das melhores coisas de ler é viajar! Adorei seu post! :)
Abraço!
Ensinar, para mim, é uma forma de conviver.
Minha escola é o mundo.
Estudar, para mim, é uma forma de conviver,
Minha escola é o mundo.
Sou professor no que ensino;
no que estudo, sou aluno.
Sou filho de professora Damariz,
meio gente, meio pó de giz.
Fazer poesia é destino,
sou poeta desde menino.
Porém, sou poeta trabalhado,
o meu dom é divino,
mas o estudo é sagrado.
Eu prefiro ser chamado de POETA a ser chamado de FILÓSOFO. Aliás, eu sou poeta por destino, e filósofo por natureza. Todo mortal é um filósofo "latu sensu" - sentido amplo. Quando um matuto pensa na sua vida, na sua relação com o mundo e na salvação de sua alma, ele está filosofando. Ninguém escapa a essas reflexões. Agora, ser chamado de filósofo "stricto sensu" - sentido estrito - é de uma responsabilidade muito grande. Tem que provar. Já o poeta, ele não tem que provar coisa alguma, embora possa filosofar sem nenhuma pretensão. E caberá ao filósofo a explicação.
Quando menino, tudo que eu ia contar, enfeitava com palavras. Às vezes, levava um carão, porque parecia que estava mentindo. Mais tarde, minha mãe descobriu que eu não mentia, estava fazendo poesia.
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