Friday, December 07, 2007

Os três cegos


Nos toscos degraus de um templo onde esmolavam,
três cegos de nascença, unidos, conversavam.

O primeiro dizia, com olhos apagados,
cravados na amplidão dos céus alcandorados.
- Ai quem me dera a vista, ao menos um momento,
para ver o infinito, o azul do firmamento.
Como deve ser lindo o seu aspecto quando
surge o sol no horizonte e as nuvens se afastando.

O segundo cego falou.
- Quisera ver o oceano.
Dizem que ele possui um coração humano,
que soluça, alta noite, a olhar o céu distante,
da lua solitária o pálido semblante.

- Se da sombra em que vivo, extraordinário pego,
me aclarasse uma luz - disse o terceiro cego -
não seria, decerto, o imenso azul da esfera,
nem o oceano que geme, ruge, se exaspera,
que iriam procurar meus olhos.
Oh, que ventura! Se liberto afinal desta masmorra escura,
e sem o grilhão deste cruel desgosto,
pudesse eu contemplar de minha mãe o rosto.

(Autor desconhecido)

5 comments:

Anonymous said...

Belíssima postagem! Lembrei do saudoso Mário Lago declamando.

Agradeço a Deus pelo privilégio de poder enxergar.

Sosígenes Bittencourt said...

Quando vejo Andrea Bocelli cantando, sem ver a luz, no entanto sorridente, recito aquela minha velha oração: Andrea Bocelli é um cego que enxerga com a voz.

Anonymous said...

Falar sobre o Tim é tudo de bom.O show me fez chorar,me trouxe boas lembranças.Meui bom

Anonymous said...

Aprendi essa poesia com meu avô. Passei ano e anos pesquisando e hoje tive a imensa felicidade de ler está obra e sentir meu avô se materializando para ler comigo. Obrigado!

Anonymous said...

Aprendi essa poesia com meu avô. Passei ano e anos pesquisando e hoje tive a imensa felicidade de ler está obra e sentir meu avô se materializando para ler comigo. Obrigado! Marabá-PA, 10/06/2014. Rodrigo Sousa Barros