Em Vitória de Santo Antão, não tem santo que dê jeito. A cidade está atolada. Os moradores dos córregos e alagados, como dizia Augusto Lucena, estão afundados num mar de lama. Antigamente, no Rio Tapacurá, tinha até peixe pro povo se alimentar. Hoje, nem caramujo. Muita gente morreu de barriga d'água, por causa do schistosoma que grudava nesse molusco gastrópode chamado burrié. Mas, a população foi crescendo e sacudindo tudo quanto é de porcaria no leito do rio. Quanto mais gente, mais brebote. Destruíram a fauna ictiológica e a vegetação potamográfica. Depois, pavimentaram a orla do Tapacurá, transformando-o num tanque. Quando chove, a água esborra e o povo se abraça com a lama. É a água doida, sem saber para onde ir, e o povo doidinho, sem saber onde ficar. Não existe catástrofe na natureza, porque ela viveria direitinho sem a gente. Nós é que não podemos viver sem ela. No entanto, a maltratamos, e o feitiço vira por cima do feiticeiro.
Castigado abraço!
Sosígenes Bittencourt
2 comments:
Essas ações paleativas que o Brasil mantém nesses casos de desastres naturais, só serve para aumentar ou conservar os desastres humanos. Enquanto não houver algo que seja definitivamente efetivo e concreto, as coisas continuarão do mesmo modo ano após ano. Repetitivo abraço.
Tem que dar casa em lugar seguro, demolir a da beira do rio, replantar a vegetação nativa, retirar os entulhos e vigiar. Senão, é enxugar gelo.
Competente abraço!
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