Friday, July 15, 2011

Morte de dona Antonieta

Ontem, pela primeira vez, vi o meu filho chorar por uma morte. Chorar pelo falecimento de sua avó materna, acalentado por sua mãe, não menos desolada. Dona Antonieta era esposa de Seu Amaro, da SUCAM, e mãe de Fátima, Aldo, Ivânia, Cássia e Rosinha.
Carlos Heitor Cony refletiu que a perda da mãe é uma dor insolidarizável.
Mas, é em Drummond que percebo a grande indagação:
PARA SEMPRE
Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve
e passa sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia ?
Fosse eu rei do mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.
Sosígenes Bittencourt

3 comments:

Maluco Consciente said...

Há pouco mais de quatro anos, no dia das mães, eu ainda era estudante de Letras e estava desempregado; não tinha um tustão para comprar um presente para minha gentinora. Fui ao computador e retirei algumas cópias deste belo poema drummondiano e distribuí para minha mãe, minha avó e tias fazendo com que as mesmas entrassem em prantos de lágrimas. No dia das mães do ano seguinte minha avó não comemorou entre nós, pois partiu para uma galáxia simbolista além das nuvens.

Sosígenes Bittencourt said...

Quando perdi minha avó paterna, tive a sensação de que ela me via, do outro lado da vida. Passei um período analisando os meus atos, como se pudesse ser reprovado por ela.
Misterioso abraço!

sidarta said...

painho,obrigado pela matéria de minha falecida vozinha é bom saber de sua gratidão.muito obrigado

são os votos da família tavares.