Saturday, July 23, 2011

No dia em que "me morreram"

Sim, é isso mesmo. Vez por outra, inventam que eu morri. Não sei se pela vontade de que eu morra, ou por achar lógica no boato. Tem gente que mente para se distrair. Em outros, pode ser uma tara, ou uma questão psicanalítica. Eu sei que a mentira tem de ter lógica, senão ninguém acredita. Também creio que inventar a morte de alguém merece imaginação, arte, e eu me presto para dar dimensão a essa mentira. O ruim é alguém não ir ao meu verdadeiro sepultamento, porque julgou haver sido mentira a nota de falecimento. Compreende?

Sobre a expressão "morrerem-me", explico que, na realidade, eu não morri, nem me mataram, "me morreram" - verbo que criei para traduzir quando inventam minha morte. Portanto, como não passei para o outro lado, posso também inventar o outro lado. E aí, quando me imaginei morto, inventei um planeta só de mulheres, o que traduz minha compulsão metafísica pelo gênero feminino. Também nunca vi uma ninfa espalhar que eu havia morrido.

Inventado abraço!

Sosígenes Bittencourt

2 comments:

silvio de cidade de deus said...

sosigenes se você visitou o outro lado diga para nós como e do lado de lá quem você encontrou falou com alguém vitorioso abraço

Sosígenes Bittencourt said...

A questão é ter fé. Fé é o monossílabo mais maiúsculo do Universo. É crer na existência de um Ser Superior e na imortalidade da alma. É lucro certo.
Eterno abraço!