Monday, July 11, 2011

Suicídio na Serra das Russas

Tomo conhecimento de que hoje, pela manhã, uma senhora de 64 anos parou o automóvel no viaduto da Serra das Russas e atirou-se de uma altura de 70 metros. E que esse é o sexto evento trágico na história do lugar.

Quando eu era menino, eu tinha medo da Serra das Russas. Não sei se era o nome, a altura, eram os abismos. Talvez, o nome me lembrasse as malvadezas do regime comunista. A botina, a foice, o martelo.
Medo de altura? Não trepo num tamborete. Tenho vertigem nos edifícios. Que dirá debruçar-me sobre o despenhadeiro, atirar-me do alcantil.
Mas, quem se suicida, foge do precipício da existência. Quem se suicida, foge da tortura de existir, foge da vida. Porque a vida tornou-se a morte permanente, e a morte sugere o fim definitivo do dilema.
Não, não, não. Definitivamente: não! Não tenho coragem de me matar, ainda desconheço os mistérios da morte, aguardo-a como quem espera o amor. Em mim, Eros há derrotado Tanatos. Quero viver até a morte, quero viver para além da morte.
Existencial abraço!

Sosígenes Bittencourt

3 comments:

sidarta said...

está faltando prédios para se suicidar tem que ser logo da serra das russas

Sosígenes Bittencourt said...

Tem suicida que quer revelar para o mundo a sua dor, não quer morrer sem chamar a atenção dos demais sobreviventes. Talvez, condenar o mundo porque não interferiu na resolução de se matar.
Tétrico abraço!

Letícia Araujo said...

Ela escolheu um bom lugar para morrer.
Na Serra das Russas existe uma cidade espiritual oculta.
Os espíritos chamam essa Colônia espiritual de Santa Helena.