Paixão é impressão. Quem está apaixonado, está
impressionado.
O apaixonado imagina o objeto da paixão e abraça-se com
a imaginação.
A
paixão é semelhante ao efeito de uma droga que interfere na capacidade de
avaliar a realidade e controlar os próprios impulsos. O dramaturgo e jornalista
pernambucano Nelson Rodrigues (1912-1980) já esclarecia: Qualquer um de nós já amou errado,
já odiou errado.
Contudo,
chegou à seguinte conclusão: Sem paixão, não dá nem pra chupar picolé.
Sosígenes
Bittencourt
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Paixão exige saber lidar com limites. Sem limites, o apaixonado perde a chance de usufruir da paixão, podendo perder o objeto desejado ou tendo que desistir do objeto desejado. Paixão é para dar e sentir prazer, não para sofrer ou gerar sofrimento.
Paixão é distração, não é obrigação. Por isso, não se pode levar um divertimento para dentro de um casamento. Raro, inclusive, quem saiba se distrair com uma paixão sem arcar com o sofrimento de estar apaixonado. Remédio para incêndio é apagar o fogo, remédio para paixão não é abanar o fogo. Até em matéria de sentimentos, temos de ter inteligência. O escritor francês Stendhal (1783-1842), versado em SENTIMENTOS HUMANOS, já dizia: O amante é um instrumento no qual nos esfregamos para sentir prazer.
Eu aconselharia aos apaixonados a leitura do Kama Sutra indiano, a arte de dar e receber prazer. Depois, uma vez entregues à satisfação dos desejos, à saciedade dos apetites, se despedirem muito respeitosamente e se deixarem em paz. A paixão nasce da esperança e mantém-se na impossibilidade. Quando junta, arenga; quando se afasta, sente saudade.
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