O
que poderia estar sentindo a professora Sandra Lúcia Fernandes, aos 48 anos,
pelo ajudante de padeiro Marcos Aurélio Barbosa da Silva, de 24, que não podia
largá-lo, pondo em risco a sua vida e a vida do próprio filho de 10 anos de
idade?
Não
o Amor, mas a Paixão é passiva, submissa, enxerga a desgraça, porém não tem
autocontrole. Infelizmente, ela sabia do que poderia acontecer, mas não
conseguia evitar. A Razão estava submetida à Emoção.
Apesar
do apurado estado de embriaguez do réu, o crime é premeditado. E a tese é da
"actio libera in causa", ou seja, "ação livre na causa". A
Justiça não pode abrigá-lo na inimputabilidade. É preciso debruçar-se sobre os
aspectos substantivos da causa e não postergar na teia da ordem jurídica para
não correr o risco de conceder liberdade a um desequilibrado.
Sosígenes
Bittencourt
3 comments:
O dramaturgo pernambucano Nelson Rodrigues (1912-1980) dizia que "sem paixão, não dá nem pra chupar picolé". Ninguém discorda. Mas, paixão para chupar picolé é até poético. O que você não pode é comer o pão que o Diabo amassou por causa de uma paixão. Paixão é para se distrair, não para se destruir. Até nos sentimentos é preciso usar a inteligência. Os prazeres do corpo não devem reinar tão absolutamente sobre os deveres da alma.
A paixão é a cara do sexo. Não há como confundir Sexo com Amor. Sexo é pessoal, Amor é interpessoal. Você pode fazer sexo sozinho, mas não pode amar ninguém. Sexo é prática, Amor é sentimento. Ninguém sente o sexo do outro, mas ama o outro. Você não pode fazer sexo com o outro sem a presença do outro, mas pode amá-lo do outro lado do mundo. Por isso, o apaixonado sente falta do objeto da paixão, como um viciado sente falta de sua droga. Pior é que a droga pode estar na gaveta, e o objeto da paixão pode estar trabalhando, pode estar do outro lado do mundo. E aí?
Em meio a conflitos passionais, tudo é relegado a segundo plano, inclusive os filhos. Pai e mãe, nem se fala. Conselheiro vira espinho de garganta.
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