Friday, May 15, 2015

MISERÁVEL PRESO E A MISERICÓRDIA POLICIAL



Choque tomou o eletricista desempregado Mário Ferreira Lima, depois de ser preso por tentar furtar 2 kg de carne, em Santa Maria – DF, e terminar recebendo a misericórdia da Polícia.
Mário desmaiou de fome na Delegacia, porque cedera o resto de pão que tinha em casa para matar a fome do filho. Aí, um agente de Polícia, ao ouvir o depoimento do miserável, sacou 30 reais e pagou logo a carne furtada.
Em seguida, uma agente, sensibilizada com o drama do eletricista, pagou a fiança de Mário, estipulada em 270 reais, espalhando compaixão entre os soldados da Delegacia do Gama Oeste, que se cotizaram e produziram uma cesta básica para o assistido do Bolsa Família. No mês de maio, a mulher passando a impressão de ser um animal melhor do que o homem.
Mário perdeu o emprego, de carteira assinada, porque foi obrigado a acompanhar sua esposa, durante 8 meses, em estado de coma, passando a manter-se de pé com 70 reais do Bolsa Família.
A Polícia do Gama está de parabéns por haver agido com a psicologia necessária para identificar o saque famélico e com a devida misericórdia para socorrer a vítima.
Mário usou da ética de buscar a sobrevivência em última instância, como um náufrago que se agarra a um galho ressequido numa tempestade. O que a moral não o ensinou, a ética o obrigou a fazer. A moral é ensinada, a ética é aprendida.

O que diz o pensador argentino Jorge Luis Borges em seu magnífico Elogio da Sombra? "Amanhã serei um tigre entre os tigres e predicarei minha lei a sua selva."

O episódio melodramático é protagonizado por homens demonizados pela sociedade, mas numa revelação de que a ajuda faz parte da alma humana, fardada ou não.
Misericordioso abraço!
Sosígenes Bittencourt

1 comment:

Sosígenes Bittencourt said...

Eu não acho que um policial deva ser um frade capuchinho, de temperamento franciscano, porque sei da coragem que deve ter para enfrentar os fora-da-lei. Ademais, eu não posso imaginar uma população despoliciada. Agora, também não considero todo policial desprovido de sentimento, sinônimo de truculento. Eu tive aluno que hoje está na Polícia e me trata com a mesma atenção de sempre. Embora o seu ofício tenha-lhe conferido uma certa sisudez, não é o mesmo risonho de antigamente. Compreende?