Saturday, June 13, 2015

RECORDAR É VIVER - NO TEMPO DE EU MENINO



No lugar de aprender a atirar com arma de fogo, a gente brincava com carrinho de madeira e pulava corda na calçada.
A gente namorava escondido, com medo de levar uma pisa e dos castigos de Deus. Hoje, o menino vai para o forró e dorme na casa da namorada.
Minha mãe era uma mulher e meu pai era um homem. Hoje, o menino pode ser filho de duas mulheres ou de dois homens.
O primeiro beijo parecia o amor que vinha chegando. Hoje, o beijo pode ser uma mera “troca de bactérias em campo úmido”, como diria o escritor espanhol Pitigrilli.
Ninguém urinava na praça com medo de levar carão e passar vergonha. Hoje, a meninada faz neném no meio da rua.
Menino não dirigia carro porque não tinha idade para arcar com prejuízo. Hoje, menino dá cavalo de pau, exatamente porque não precisa arcar com prejuízo.
Um juiz desfilava pela avenida, reverenciado como um mito. Hoje, vai urinar escoltado e pode levar 21 tiros.
A professora era a segunda mãe. Hoje, pode ser a segunda madrasta.
Reminiscente abraço!
Sosígenes Bittencourt

1 comment:

Sosígenes Bittencourt said...

Uma vez, eu dei uns tragos num cigarro e passei pasta de dente na língua para disfarçar. Levei uns tabefes porque estava com a boca cheirando a cigarro com pasta de dente.