A quentura que está
fazendo não está no termômetro. No meu tempo, dir-se-ia que era a canícula
abrasadora; que, no sertão, galinha estava botando ovo cozido, e vaca dando
leite em pó. E seria só. Hoje, tem explicação. É o Buraco da Camada de Ozônio,
que estão afolozando. Até as crianças já ouviram falar em Gás Carbônico e
Efeito Estufa. Rendilharam a peneira do sol. Os raios vêm diretinho na pele, no
calçamento, no juízo dos moradores da terra. Isso
porque ninguém quer saber de conselho de ecologista, ambientalista, e outros
tenebrosos profetas do final dos tempos. Nem querem saber das gerações futuras,
embora venham a ser os próprios filhos, seus netos, pessoas que dizem amar. Parecem
comungar a frase “Depois de mim, o dilúvio”. Desprezam a natureza em nome de
riquezas passageiras, pois o tempo corre célere, e a morte é desprovida de
matéria. Sequer se amam, pois poluir o meio ambiente é uma forma de
lambuzar-se.
Outro dia, deu uma ventania aqui na cidade tão forte que quase altera a posição do município. Um matuto me contou que suas galinhas foram parar no terreiro do vizinho.
Outro dia, deu uma ventania aqui na cidade tão forte que quase altera a posição do município. Um matuto me contou que suas galinhas foram parar no terreiro do vizinho.
Já deu enchente por aqui de geladeira boiar e aventureiro abrir latinha
de cerveja no roldão das águas, entre cobras e lagartos.
O falecido barbeiro Moisés recitava uma quadrinha mesmo assim:
O sertanejo, ao
nascer,
Tem seu destino traçado,
Se de sede não morrer,
Por certo morre afogado.
Tem seu destino traçado,
Se de sede não morrer,
Por certo morre afogado.
Só relembrando Drummond: Êta vida besta, meu Deus!
Sosígenes Bittencourt
Sosígenes Bittencourt
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