Saturday, November 21, 2015

O POETA DRUMMOND, PROFETA DRUMMOND



O poeta é um filósofo apressado, um cientista antecipado, um visionário, um profeta. Tudo através da intuição.
O poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade, falecido em 1987, andou prevendo tragédia na sua terra natal. Observem como fez a leitura do leito do Rio Doce e seu amargo destino às margens das barragens da Vale-Samacro em LIRA ITABIRANA.

O Rio? É doce.
A Vale? Amarga.
Ai, antes fosse
Mais leve a carga.


Entre estatais
E multinacionais,
Quantos ais!


A dívida interna.
A dívida externa
A dívida eterna.


Quantas toneladas exportamos
De ferro?
Quantas lágrimas disfarçamos
Sem berro?


(Catastrófico abraço! - Sosígenes Bittencourt)

2 comments:

Sosígenes Bittencourt said...

Convém distinguir entre TRAGÉDIA e CATÁSTROFE. Não há catástrofe na natureza. Um Tsunami é um fenômeno, faz parte da natureza. O Vulcão não se sabe vulcão.
Catástrofe é episódio que envolve o ser humano. Quem desmata a montanha e se aloja no local, esperando a tromba d’água, está confeccionando uma catástrofe. O mar de lama que soterrou Mariana tem a mão do homem, sobretudo a negligência humana, logo é catástrofe.
Tragédia é castigo imerecido. Quem morre fulminado por um raio, não merecia. Isto é tragédia. Não tem a mão do homem. Compreende?

Sosígenes Bittencourt said...

Não há destino antes do destino. Destino não é o que irá acontecer, é o que aconteceu. Por isso, temos a Filosofia. A Filosofia inseriu o homem no Universo, na Totalidade, resgatando-o do capricho perverso dos deuses mitológicos. Quando Édipo mata o pai e desposa a própria mãe, estava, na Tragédia de Sófocles, fugindo do Destino e encontrando-se com o próprio Destino, previsto pelo deus Apolo no Oráculo de Delfos. Como não pudera evitar, mesmo fugindo da sina, sofreu castigo imerecido. Logo, fora vítima de uma Tragédia, pois não dependeu de si mesmo matar Laio e casar-se com Jocasta. Compreende?