Torcidas organizadas para
brigar lambuzaram de sangue o domingo em São Paulo. Eram os obscuros da Mancha
Verde e as rapinas da Gaviões da Fiel. São vândalos que destilam ódio
desorganizadamente. O ódio desorganizado não tem direção e termina atingindo
sem o crivo da razão. A quem odeiam, os corintianos e palmeirenses? Afinal, os
seus clubes são abstrações, não existem fisicamente, existindo, na realidade, pessoas
humanas que nada mais são do que semelhantes. Quando um palmeirense atira um
rojão num corintiano, ou vice-versa, não são aos clubes que ferem, mas a eles
mesmos. A bandeira do clube não tem vida, não jorra sangue, não morre. Enfim, quem
perdeu a vida foi um cidadão que não tinha nada a ver com a confusão.
Portanto, briga encarniçada
entre torcedores de futebol chama-se vandalismo d’alma, ódio desorganizado. Porque
sentem ódio e não sabem lidar com esse sentimento inevitável, convertendo-o em
prática criminosa.
É o animal humano que, com
raiva da esposa, chuta a cabeça do cãozinho; o usuário do coletivo que, com
raiva do aumento das passagens de ônibus, queima a barraca de jornal. E quando o
fazem, coletivamente, é porque temem fazê-lo sozinho, escondendo-se no
anonimato da multidão ensandecida. São impiedosamente covardes!
Ensanguentado abraço!
Sosígenes Bittencourt
1 comment:
Falta de educação doméstica, falta de religiosidade, de vergonha, de tudo que confere dignidade ao ser humano.
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